Um mês depois de reconhecer situação de seca, Quixeramobim decreta emergência por conta das chuvas

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Cheia no Rio Tingui, na zona rural de Quixeramobim, após fortes chuvas. (Foto: reprodução)

Quixeramobim: Um dos aspectos da chuva que mais derperta a atenção do sertanejo é a sua capacidade de alterar cenáriosrapidamente, mais o fator surpresa. Em questão de segundos, sem mandar aviso, a água cai do céu e faz o que antes estava seco ficar cheio em abundância. É o que está acontecendo em Quixeramobim: foi tanta chuva até agora, que 36 dias depois de decretar estado de emergência por conta da seca, o município precisou solicitar um novo decreto, mas desta vez pela causa oposta: a cheia causada pelas chuvas.

Publicado essa semana pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), o decreto reconheceu o estado de emergência em 32 municípios brasileiros por meio da Defesa Civil, entre eles Quixeramobim. A água que veio com a chuva foi tanta que provocou uma verdadeira reviravolta na região: afetou a cultura do leite, alagou comunidades, destruiu estradas vicinais e acabou com a lavoura de agricultores.

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“Anualmente, o esperado é em torno de 700 mm de chuva para Quixeramobim, mas até o dia 10 de abril, a gente já tinha acumulado 445 mm de chuva, o que era preocupante”, explicou ao Revista Central o membro da Defesa Civil do município, Pedro Paulino. Ele pontuou que o novo decreto ocorreu mediante a visita de equipes da Defesa Civil do Estado ao município, que comprovaram o cenário que preocupa os gestores locais.

Prejuízos

Para se ter uma ideia, conforme os dados da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) o esperado para Quixeramobim em março era 152 mm, mas choveu 346 mm, 128% a mais do que a média. Na comparação dos dois primeiros bimestres do ano a chuva também superou a média: Eram aguardados 232 mm entre fevereiro e março e choveu 420 mm (80% a mais), e 325 mm em março e abril, quando  o observado foi de 513 mm (58% a mais).

Antes seco, município registrou chuvas capazes de encher a barragem (Foto: Rede Social)

“Nosso município não está preparado para receber grandes quantidades de chuvas em curto espaço de tempo”, afirma Pedro. O resultado que veio com o excesso de chuvas foram uma série de prejuízos e problemas. “Vários açudes encheram, riachos, passagens molhadas ficaram destruídos”, afirmou. Localidades ficaram ilhadas, como Poço da Pedra e Pontal, situação que preocupou as equipes.

Além da cheia nos açudes, a chuva também acumulou prejuízos na atividade leiteira e na lavoura. “Com as estradas danificadas, o escoamento da cultura do leite, que é forte em nossa cidade, ficou impedido, e na agricultura a gente viu que muita gente tinha perdido as plantações, porque a terra ficou muito molhada e encharcou”. Ele detalha que uma plantação de mamoeiro chegou a ficar completamente submersa em uma localidade da zona rural.

Situação nova

No dia 27 de março de 2023 o Diário Oficial da União reconheceu a situação de seca em Quixeramobim. A medida intrigou a população do município porque chovia bastante naquele período. Pedro Paulino explicou que a equipe da Defesa Civil deu entrada no pedido de emergência dois meses antes do início das chuvas, e que não esperavam a virada de quadro em um tempo tão rápido.

A decisão veio em conjunto com diversas secretarias, como agricultura, assistência social e infraestrutura. “Vimos a necessidade do município e que a gente não iria conseguir reconstruir as estradas e fornecer cestas básicas e kits de higiene só com recursos próprios”, afirma Pedro Paulino. Agora as equipes atuam para combater um cenário que nunca antes eles tinham vivido. “O desastre que a gente tinha era a seca, e agora foi algo novo. Então, a gente abriu o olho para criar novos projetos visando áreas de risco, de alagamentos, e estamos trabalhando para que futuramente isso não volte a acontecer”.