Coluna Amadeu Filho: Parteira Edite, muitos quixadaenses vieram ao mundo pelas suas mãos

compartilhar no:

parteira_editeaConhecendo um pouco da trajetória de Edite, é possível despertar a necessidade de um estudo aprofundado dessas grandes mulheres.

Paciente, sensível, solidária, carinhosa e um sorriso cheio de bondade. Ela foi um anjo da guarda, em especial, para as mulheres grávidas da Terra dos Monólitos. Naqueles anos 40, 50, quantos quixadaenses vieram a este mundo pelas ‘santas’ mãos da parteira Francisca Edite Cardoso da Silva? Nem ela mesma sabe. Mas nos conta cheia de ternura que só, em uma noite, atendeu 10 partos. Foi levada a antiga Maternidade Jesus Maria José pelas mãos da amiga Maria Almeida, parteira_editeaacom o pleno consentimento do benfeitor Padre Luís Braga Rocha.

Hoje, aos 86 anos de idade, ainda lembra que muitos nascimentos passaram pelas suas mãos, enquanto os batizados eram realizados pelo padre benfeitor. Faz questão de ressaltar o imenso carinho que recebeu do Padre Luís. “Eu morava numa casa dele e depois de algum tempo, falou que eu poderia comprar uma casa que pagaria”. Outra pessoa de grande significado para Edite, sem sombra de dúvida, foi à senhora Moura, chefe da seção de partos, mas, acima de tudo, uma espécie de mãe para todos nós.

Ela foi uma dedicada professora, nos dava todas as orientações necessárias e passava lições para estudarmos em casa. Nos fez respeitadas, mais que tudo, uma amiga maravilhosa. Não esquece da convivência com colegas, na verdade, quase irmãs, a exemplo de Nair Aguiar, Maria Alves, Inês, Maria Miguel e muitas outras.

Sempre atenciosa e dedicada ao trabalho, ganhou a confiança de médicos, por exemplo, Eudásio, Maranhão, Antônio, Everardo, Ítalo, dentre outros. Adiantou ainda que não pode deixar de enaltecer a figura e o trabalho desenvolvido pelo senhor Geraldo, pessoa da inteira confiança do Padre Luís. Ele sempre foi compreensível para com todos nós.

Os pais de Edite, José Raimundo da Silva e Maria José Lima da Silva, muito embora não tenham frequentado à escola, sempre se preocuparam com o aprendizados dos 13 filhos. Eram moradores na fazenda do senhor José Caetano, onde sempre desfrutaram do carinho e atenção dos proprietários. Edite aprendeu as primeiras letras com o professor Luis Marques, na própria casa da fazenda. Depois de alguns anos, toda a família veio morar na cidade. Chegou o momento de frequentar uma escola e também exercerem algum tipo de trabalho.

Conhecendo um pouco da trajetória de Edite, é possível despertar a necessidade de um estudo aprofundado dessas grandes mulheres. Elas não tiveram oportunidade de estudar o quanto os médicos estudaram. Mas, com certeza, faculdade nenhuma do mundo teriam lhe ensinado tanto amor e tanta humanidade para com as pessoas que delas precisaram. Quando alguém se refere a ela como sendo um anjo da guarda, afirma que “somos todos anjos, mas de uma asa só e só conseguimos voar quando abraçados uns aos outros. E tem muita razão o seu irmão, senhor Edgar Lima e Silva ao afirmar: “Minha irmã foi uma rainha na arte de partejar”!

Amadeu Filho
Colaborador da RC
Radialista Profissional
Acesse também o blogo Amadeu Filho

Escreva algo