De acordo com dados de audiência da TV Verdes Mares, filiada da TV Globo no Ceará, na última segunda-feira (8) mais de 1,6 milhão de telespectadores estavam ligados na estreia do Big Brother Brasil 24. Não é coisa pouca quando se considera que o que se oferece é a chance de bisbilhotar a vida alheia.
Câmeras ligadas 24 horas por dia para mostrar o que as pessoas fazem e como se comportam. Essa é a proposta do Big Brother. O que muitos se perguntam é: porque temos curiosidade de bisbilhotar a vida do outro, e o que explica o sucesso do Big Brother?
Olhar o outro é algo natural e até pedagógico, mas quem fica obcecado em bisbilhotar a intimidade alheia alimenta um gosto pelo voyeurismo. Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, voyeurismo é o transtorno caracterizado por impulsos sexuais e fantasias relacionadas à observação de outras pessoas, levando a um vício no qual a satisfação ocorre apenas mediante o ato de observar.
Para estudiosos no assunto, não é que as pessoas que assistema reality show sejam voyeurs, mas naquele momento estão tendo um comportamento voyeurista, só que moderado. Em um artigo, a psicóloga Ana Canosa diz que “a geração atual, que é bombardeada por imagens de consumo e de prazer, está se tornando uma sociedade com um comportamento mais exibicionista”.
Elementos psicológicos no formato
O Big Brother Brasil (BBB) possui elementos que podem ser associados ao voyeurismo devido à natureza do programa, que envolve a observação constante e detalhada da vida privada dos participantes. Esse constante monitoramento é reminiscente do comportamento voyeurístico.
O programa expõe a vida íntima, incluindo conversas pessoais, relacionamentos, conflitos e coloca os competidores em situações desafiadoras, revelando diferentes aspectos de suas personalidades. Esse nível de exposição cria uma dinâmica voyeurística, à medida que o público observa detalhes da vida dos participantes.
O que explicaria o sucesso está no formato do Big Brother: o programa coloca um forte foco nas interações pessoais e nos relacionamentos, sso pode despertar a curiosidade em relação à vida privada do outro. Além disso a atração incentiva a audiência a discutir e julgar as ações dos brothers.
O risco, segundo os psicólogos, é que quanto mais as pessoas se viciam em programas assim que oferecem a chance de olhar a vida do outro 24 horas por dia, menos vivem a própria vida e menos encontram prazer em cuidar da própria vida.