Policial suspeito de matar pai e filho no Ceará já é réu por balear criança

compartilhar no:
Policial suspeito de matar pai e filho foi preso no Bairro José Walter, em Fortaleza, na tarde desta sexta-feira (18). — Foto: Arquivo pessoal

O policial militar preso por suspeita de participar das mortes de pai e filho que estavam a caminho da escola em Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, já é réu na Justiça por suspeita de balear uma criança, à época com 2 anos, durante uma ocorrência em Fortaleza.

As vítimas mortas na manhã desta sexta-feira (18) são Francisco Adriano da Silva, de 42 anos, que trabalhava em um cemitério e também em um estacionamento; e o filho, Francisco Gabriel da Silva, de 13 anos, estudante da Escola das Guaribas, uma unidade de ensino municipal de Eusébio.

Com o soldado, Paulo Roberto Rodrigues Mendonça, de 38 anos, suspeito do duplo homicídio foram encontradas quatro armas, um simulacro e um silenciador. Ele foi autuado em flagrante por homicídio e porte ilegal de arma de fogo. O policial foi conduzido ao presídio militar e segue à disposição da Justiça, conforme a Controladoria Geral de Disciplina (CGD).

A motivação do crime ainda não foi esclarecida. A Delegacia de Assuntos Internos (DAI) vai seguir com as investigações. Além disso, a CGD determinou imediata instauração do procedimento disciplinar para a devida apuração no âmbito administrativo.

Criança baleada
Paulo Roberto já era investigado desde 2017, por suposta prática de lesão corporal grave na modalidade culposa.

Conforme os autos, que o g1 teve acesso, em junho daquele Paulo estava em uma composição que foi acionada para conter um tumulto em um conjunto habitacional na avenida Jardim Fluminense, no Bairro Canindezinho, em Fortaleza.

Ao chegar ao local, os policiais encontraram indivíduos cometendo desordem e abordaram os suspeitos. Em seguida, os desordeiros passaram a falar palavras de baixo calão e partiram para cima dos policiais.

Para conter os suspeitos, um dos policiais deu um tiro com uma pistola em direção a um montante de areia no chão.

Consta no processo, que mesmo com o disparo a população não se intimidou e começou a jogar objetos em direção à composição militar. Então, Paulo Roberto fez dois disparos para o alto.

Segundo a denúncia, alguns minutos depois, a guarnição recebeu a informação que uma criança de 2 anos havia sido baleada. Na momento da confusão ela estava em uma escada com o pai, quando foi atingida na coxa direita.

A menina foi socorrida por populares para uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa) da região e em seguida foi transferida ao Hospital Instituto Doutor José Frota (IJF).

As armas dos agentes que atenderam a ocorrência foram apreendidas e passaram por um exame pericial, que constatou que o armamento estava funcionando normalmente.

“A conclusão do perito é de que o armamento funcionou normalmente, sem qualquer deficiência assinalável, entretanto o projétil retirado do corpo da menina por se encontrar extremamente deformado e com avarias generalizadas, não traz elementos técnicos suficientes para a afirmação de que a bala partiu do armamento da PMCE”, disse a perícia.

Para o promotor de justiça, mesmo não havendo a certeza de que o projétil que atingiu a criança tenha partido das armas dos policiais, existe o fato de que os agentes denunciados atiraram para conter a multidão, justamente onde a garota estava com o pai. O que apontaria indícios de autoria por parte dos soldados.

Em 2018 a Justiça recebeu a denúncia contra os dois militares por suposto crime de lesão grave contra civil em concurso de agentes.

Com informações do G1