Um fato chamou a atenção dos voluntários, quando em um determinado dia havia vários pedaços de vidros nas baías e também nas vasilhas dos animais.
Uma denúncia oriunda de uma organização de proteção aos animais, na cidade de Quixadá, no Sertão Central cearense, deve chegar ao Ministério Público Estadual-MPE/CE. A entidade “4 Patas”, procurou o portal Revista Central e fez uma série de denuncias, entre elas, maus-tratos aos cachorros no Centro de Controle de Zoonoses(CCZ), mas o diretor do órgão garante que não é verdade.
Denuncia aos funcionários
A professora Andressa Nascimento, voluntária do grupo, destaca que o Centro de Controle de Zoonoses(CCZ) passa por graves problemas, inclusive, alerta que os funcionários chegam e saem do trabalho, sem qualquer controle. Revela ainda, que vários membros já chegaram às 15 horas e encontraram o local sem nenhum funcionário, inclusive o próprio diretor do CCZ de Quixadá, João Lobo.
“O mesmo vive ausente do trabalho, dificilmente pode ser encontrado lá e quando vai não vistoria as baías e o trabalho dos funcionários, que trabalham da forma que querem. O CCZ não tem horário certo de funcionamento, por incontáveis vezes eu e outros voluntários chegamos lá por volta de 15h ou 16h e encontramos o mesmo fechado, sendo que o horário de funcionamento vai até às 17h”.
“Enquanto isso, funcionários estão sentados por horas, jogando ou assistindo televisão”, relata a técnica de enfermagem Flávia Soares, outra participante do grupo “4 patas”.
Procurado pela reportagem, o diretor do CCZ de Quixadá, João Lobo, rebate as denuncias e diz que ele tem total controle de seus subordinados. “Todos os funcionários são fiscalizados e trabalham no seu expediente, assim como eu, mas às vezes nos ausentamos com trabalhos externos”. Lobo cita, por exemplo, para reuniões.
“Em toda repartição pública tem televisão e aqui não poderia ser diferente”, disse João ao negar também ‘jogo de dama’ no interior do órgão público.
Comida estragada e água suja nas baías
“Por muitas vezes, a água dos animais está muito suja e com sinais visíveis de que não foi trocada de um dia para o outro. A comida que fazem para os animais é tão mal feita que eles não comem. A carne que um dos funcionários ia buscar para os animais, já não vão mais, pois as motos estão com documentação vencida”, garante o fisioterapeuta Ismael Madson, que também é do grupo, além de Andressa Nascimento.
O diretor do CCZ de Quixadá, João Lobo, se diz perplexo com as afirmações e mostra uma nota fiscal com compra de 70 sacos de comida para os cachorros. “Todo mês são 10 sacos de ração, diariamente cada cachorro come 400 gramas de ração no almoço e 300, no fim da tarde”. Ele garante ainda que os funcionários trabalham com amor e dedicação aos animais.
“O problema é que às vezes algum membro do grupo “4 patas” chega às 9 horas e as baías estão sem comida, não podemos colocar comida a todo momento. Com relação à água suja, é normal porque os animais passam a noite e no outro dia essa água fica suja, mas todo dia trocada”, rebate as acusações João Lobo.
Os membros reconhece que foi comprada ração, mas raramente é colocada, inclusive, às vezes, só tem almoço para os animais porque eles levam. O descaso tem ocorrido principalmente nos fins de semana.
Formigas
“O grupo comprou veneno para formiga, existe uma infestação. Até o momento não foi colocado esse veneno pelos funcionários. Os animais são os prejudicados, pois as formigas tomam conta, filhotes e gatos morrem comidos por formigas. Estrutura e ambiente insalubre. Estas e outras situações que acontece dentro do CCZ é de conhecimento da gestão, no nome da Srta. Bruna , que tomou conhecimento dos maus-tratos que estavam acontecendo com os animais, houve uma reunião do grupo “4 patas” com ela e o João Lobo. Foi prometido melhorias, infelizmente nem 5% foi feito”, disse Andressa.
O diretor desconhece o assunto e mostrou o ambiente ao portal Revista Central, onde pode perceber que de fato não está muito degradado, mas precisa de melhorias, principalmente o forte odor, além de material de proteção para os funcionários, que no momento estavam sem EPI. Bem antes, João havia falado que todos usam EPI, inclusive os voluntários, mas não foi visto naquele momento.
Os membros do grupo de proteção aos animais foram unânimes, em afirmar que não é verdade que existem EPI, entre eles, o açougueiro Anderson Fernandes, outro voluntário. “Não existe se quer luvas”.
Material de cozinha
Segundo os denunciantes, um fogão industrial e o gás são frutos do trabalho deles, mesmo assim, às vezes ainda tem que fazer a comida. O grupo tem conseguido massa de cuscuz, carne e salsichas com a população.
Medicação trancada
“A medicação fica na sala do diretor e como ele nem sempre tá lá, ninguém tem acesso” reclama Ismael. De fato os remédios ficam na sala do diretor, inclusive fez questão de mostrar que tinha bastante.
Carrocinha parada
Devido o descaso da administração municipal, há mais de dois anos que a carrocinha que fazia o recolhimento, encontra-se quebrada. Atualmente os voluntários quem retiraram os animais em risco, das ruas de Quixadá. João Lobo reconhece e disse que a Secretária de Saúde prometeu retornar o serviço, mas não deu prazo.
CCZ de Quixadá sem veterinário
Todo Centro de Controle de Zoonoses é obrigado a contar com um veterinário, mas o de Quixadá está sem responsável há quase cinco meses. Segundo o “4 Patas”, o profissional anterior não estava prestando o serviço como deveria, já o diretor do CCZ atribui justamente a culpa em alguns membros do “4 Patas”. Segundo ele, a pessoa pediu para sair devido o clima.
Vidros nas baías
Um fato chamou a atenção dos voluntários, quando em um determinado dia havia vários pedaços de vidros nas baías e também nas vasilhas dos animais, como se alguém tivesse colocado por maldade. O diretor relata que alguns vizinhos podem ter jogado.
Veja fotos com as duas versões
Eutanásia em Animais
Outra grave denuncia é justamente com os animais doentes. O “4 patas”, afirma, que basta ter um animal doente, o diretor já quer “eutanásiar”. João alega, que as vezes é necessário para não proferir doenças. Já o “4 patas” garante eles não querem cuidar, cita, por exemplo, que “atualmente não recebem animais doentes”.
Ainda segundo os denunciantes, em um determinado dia, vários cachorros apareceram mortos de forma misteriosa. Eles também denunciam a falta de dedetização do ambiente. Atualmente o “gatil” está fechado e o CCZ não recebe gatos.
Apuração
Diante de tantas denuncias, cabe o Ministério Público investigar para a proteção dos animais. É bem verdade, que o grupo “4 patas” tem ajuda bastante nos trabalhos do Centro de Controle de Zoonoses(CCZ), inclusive estão fazendo as atividades que deveriam ser feitas pelo Poder Público.
“4 patas”
“O grupo “4 patas” faz um trabalho belíssimo levando animais para consultas com veterinário, comprando remédio, conseguimos doações em dinheiro, ração, alimentação e estamos aos domingos no CCZ. Buscamos oferecer o melhor cuidado e dignidade possível aos animais. Porém todo trabalho que fazemos não é suficiente já que durante a semana eles passam por privações”, conclui a professora Andressa Nascimento.
Maus-tratos
Qualquer ato de maus-tratos envolvendo um animal deverá ser denunciado. Em casos de flagrante de maus-tratos e/ou que a vida de animais estejam em risco, acione a Polícia pelo 190 e aguarde no local até que a situação esteja regularizada. A Lei 9605/98 (Lei de Crimes Ambientais) prevê os maus-tratos como crime de comina as penas. O decreto 24645/34 (Decreto de Getúlio Vargas) determina quais atitudes podem ser consideradas como maus-tratos.
Exemplos de Maus-Tratos
– Abandonar, espancar, golpear, mutilar e envenenar;
– Manter preso permanentemente em correntes;
– Manter em locais pequenos e anti-higiênico;
– Não abrigar do sol, da chuva e do frio;
– Deixar sem ventilação ou luz solar;
– Não dar água e comida diariamente;
– Negar assistência veterinária ao animal doente ou ferido;
– Obrigar a trabalho excessivo ou superior a sua força;
– Capturar animais silvestres;
– Utilizar animal em shows que possam lhe causar pânico ou estresse;
– Promover violência como rinhas de galo, farra-do-boi etc..
