Coluna Amadeu Filho: “Chiquinho do Rádio” 60 anos consertando rádios na cidade de Quixadá

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Francisco de Almeida Lemos tem 83 anos de vida e 60 dedicados a consertados de aparelhos em Quixadá.

A paixão desenfreada que nutrimos pelos instrumentos de que dispomos para exercer determinadas atividades humanas, provoca uma intimidade, digamos, até mesmo uma química, que somos muitas vezes identificados por esses elementos do trabalho que desenvolvemos. São muitos estes exemplos, dos quais podemos citar alguns: Jacob do Bandolin, Jackson do Pandeiro, Beto do Sax, Chico do Queijo, Zé do Táxi e tem até mesmo, Chiquinho do Acordeon.

Na terra dos Monólitos, tem um “Chiquinho do Rádio”. Se alguém o procurasse pelo seu nome, Francisco de Almeida Lemos, com certeza, encontraria alguma dificuldade em encontrá-lo. Este pacato quixeramobiense, prestes há completar 83 anos, desde 20/07/1953,  conserta rádios (há algum tempo, também “TV”) na “Eletrônica Lemos”,  no Centro de Quixadá.

Tudo começou na sua querida Quixeramobim (onde nasceu). Terminado o duro trabalho na agricultura, ao lado de sei pai Belarmino, corria a cidade para admirar o trabalho daquele que viria a ser seu grande mestre, o rádio-técnico, Gaía, o mais conceituado na época, na terra de Antônio Conselheiro. Ficava impressionado ao olhar para aqueles rádios valvulados e a maestria do rádio-técnico.  Ao voltar para casa, deitado numa rede muito boa (costume na sua terra natal), sonhava com aqueles transístores à válvula. O mestre Gaía, ao perceber certa vez, o fascínio daquele jovem, lhe perguntou se queria aprender a consertar estes aparelhos. Francisco não se conteve e teve até dificuldade de responder. “Você aprende comigo, mas tem que estudar. Fará um curso por correspondência (naqueles anos, era uma febre nos anos 50) no “Instituto Monitor de São Paulo”.

A família se reunia, em um canto da casa para ouvir rádio. Claro que ser rádio-técnico, naquele momento, com certeza, era uma atividade bem renumerada. Chiquinho teve que ir a Fortaleza, cursar o Colegial, exigência dos pais. Parece que seu destino estava traçado para exercer sua atividade na Terra foi Monólitos. O comerciante Daniel Capistrano foi o responsável pela sua vinda, pois precisava de um profissional de confiança para consertar seus aparelhos, então veio e daqui não saiu nunca mais.

Com muita dedicação, montou a sua eletrônica que funciona, ainda hoje, no mesmo local. Faz questão de lembrar da grande ajuda do Senhor Leal que tinha um comércio de redes e também da professora Maria Cavalcante Costa e família. Muitos o ajudaram, recomendando “Leve o rádio para aquele rapazinho de Quixeramobim”.

“Chiquinho do Rádio” nos lembra que um dos primeiros na profissão foi o Senhor Belizário, também dentista. Lembra que a família Adolfo (Luís, Zé) também se destacaram na atividade. “Minha eletrônica também foi escola para muitos profissionais”, faz questão de destacar. O certo é que, além do profissionalismo, a sua maneira afável de tratar as pessoas o fez querido por toda a cidade.

Seguidor da doutrina espírita, mantém com todas as religiões um profundo respeito. É Casado com a Senhora Aldenora, o seu anjo da guarda de todas as horas. O lar do casal sempre acolheu as pessoas da família(ou não) que precisavam estudar ou mesmo trabalhar. Ficou conhecido como “pai Chiquinho” pelo amor que sempre devotou, em especial aos mais jovens.

Sempre sorridente, diz que Quixadá o adotou. É cidadão quixadaense, propositura da vereadora Dadá. “Chiquinho do Rádio” é um símbolo de nossa cidade. O seu respeito para com todos, o otimismo com que encara o passar dos anos, a fé inabalável num ser superior nos encoraja a enxergar o mundo de uma maneira mais bonita.

Ele pode até sentir uma saudade danada do seu Quixeramobim, mas daqui não o deixaremos sair.

Acessando o blog Amadeu Filho você terá a oportunidade de conhecer mais sobre a história de Quixadá.

Amadeu Filho
Colunista da RC
Radialista Profissional
Acesse também o blog Amadeu Filho

 

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