Eu tenho saudades de como eram as ruas de Quixadá, no Sertão Central cearense nos anos 2004 a 2006…
E você deve está se perguntando… Mas Joel, qual o motivo desta sua saudade?
Simples. Eu podia transitar despreocupado pelas ruas da cidade, ir comer algo fora de casa sem ter medo de ao estar nos ambientes, presenciar um assalto, ouvir tiros de balas, ver pessoas gritando e correndo de um lado pro outro. Eu podia sentar nas Praças ou em outros locais públicos, sem ter o receio de que alguém me confundisse com outra pessoa (que este alguém quisesse matar) e atirasse em mim e depois ser noticiado nos meios de comunicação que eu morri de “graça”, que o assassino me matou por engano.
Hoje, ao transitar pelas ruas de Quixadá (principalmente no período da noite), tenho muito medo e acho que, não é só eu que sente, acredito que este sentimento seja compartilhado por quase todos os moradores.
Imagino que agora você compreendeu o porquê que tenho saudade de como eram as ruas da cidade há alguns anos atrás. Tudo era mais “light”. Era comum ouvir os moradores (me incluo aqui) se orgulharem em dizer para os demais moradores ou para os turistas que a cidade era tranquila, que podíamos andar pelas ruas da cidade (independente do horário) sem ter medo, pois dificilmente algo de ruim ocorreria conosco.
Vou citar um caso que passei e que até hoje esta situação simples vêm a minha mente quando falo sobre esta mudança radical (e negativa) que percebi no ambiente das ruas da Terra dos Monólitos nestes últimos anos.
Lembro-me que no ano de 2006, trabalhava numa empresa e saia do trabalho às 22 horas. Um dia, saindo do trabalho e indo pra casa (andando), eu deixei cair sem perceber algo (não me lembro bem o que era) no caminho, só recordo que era algo importante. E eu só vim perceber que este objeto tinha caído, quando eu já estava deitado para dormir. E neste dia eu fui dormir tarde, pois estava assistindo há vários episódios de uma série famosa da época (LOST). Como este algo era importante pra mim, eu decidi em sair de casa (andando) por volta de 02 horas da madrugada para poder fazer o percurso que eu fiz do trabalho para minha residência. Acabei encontrando o que tinha perdido.
Mas por que citei esta situação?
Lembro-me que este percurso abrangia boa parte do Centro da cidade. No horário que saía de casa e fui atrás deste objeto que perdi, não tinha medo de que algo de ruim me acontecesse. Pois naquela época era raro ouvir que alguém morreu por que outro matou ou que alguém foi assaltado (pelo menos eu não escutava estas noticias diariamente e constantemente como é hoje).
Sei que a cidade sofreu mudanças positivas nestes últimos anos em decorrência das faculdades que aqui se instalaram, dos muitos jovens que vieram morar aqui para estudar nestas unidades. De algumas grandes empresas que se instalaram aqui. A economia melhorou, o desemprego caiu. A cidade evoluiu. Mas as mudanças negativas também vieram e chegaram rapidamente.
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Não estou aqui indiretamente dizendo que estas mudanças negativas sejam em decorrência da gestão do governo municipal tendo o partido A ou B com o prefeito X ou Y à frente. Nos artigos que escrevo, tenho o compromisso comigo mesmo de evitar falar sobre politica. Mas quero com este artigo alertar as autoridades que atualmente estão no poder, que trabalhem para “suavizar” este ambiente negativo que hoje em dia têm as ruas de Quixadá. A população anda com medo, sai de casa com seus familiares com medo de não voltar com todos que saíram vivos.
Tenho saudade, muita saudade do ambiente das ruas de Quixadá de alguns anos atrás. Torço para que medidas sejam tomadas com o objetivo de tentar melhorar a situação atual.
Nós já passamos boa parte do dia trabalhando, estudando, se esforçando para vencer os desafios da vida. Merecemos poder transitar com tranquilidade pelas ruas da cidade.
Joel Soares
Colunista
Estudante de Administração
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