Cidade do Vaticano: O Vaticano publicou nesta segunda-feira (18), um documento que mexe com as leis da Igreja e promove uma revolução histórica: a partir de agora, casais que sejam formados por pessoas do mesmo sexo, poderão receber a bênção de um padre. Antes, essa bênção era inconcebível porque a Igreja condenava relações homoafetivas.
A nova determinação consta no “Fiducia supplicans”, documento editado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé e aprovado pelo papa Francisco. O documento é o mais recente dos últimos 23 anos (desde os anos 2000 a Igreja não atualizava as diretrizes religiosas sobre bênçãos) e aprofunda o tema, distinguindo entre as bênçãos rituais e litúrgicas e as bênçãos espontâneas, que se assemelham mais a gestos de devoção popular.
“Diante do pedido de duas pessoas para serem abençoadas, mesmo que sua condição de casal seja “irregular”, será possível para o ministro ordenado consentir. Mas sem que esse gesto de proximidade pastoral contenha elementos minimamente semelhantes a um rito matrimonial”, diz a Fiducia supplicans.
Isso quer dizer que será possível abençoar casais formados por pessoas do mesmo sexo, mas fora de qualquer ritualização e imitação do matrimônio. A doutrina sobre o matrimônio não muda, e a bênção não significa aprovação da união.
Na nova visão pastoral defendida pelo papa e trazida no documento, quem pede uma bênção “se mostra necessitado da presença de Deus em sua história”, porque expressa “um pedido de ajuda e uma súplica por uma vida melhor”. Esse pedido deve ser acolhido e valorizado e não há necessidade de exigir “perfeição moral prévia” como pré-condição.