Região Central: A água, quando vem em fartura, é capaz de mudar cenários em questão de pouco tempo, algo que o sertanejo costuma atribuir a um “milagre de Deus” ou “providência de São Pedro”. Um claro exemplo está na Bacia do Banabuiú. Abrigando 19 açudes, entre eles o Banabuiú, terceiro maior do Estado, a Bacia tem sete reservatórios sangrando, uma realidade bem diferente de dois anos antes.
2023 foi realmente um ano de milagres para quem mora no Sertão Central. De completamente secos ou em volume morto, os açudes encheram em questão de meses e logo passaram a sangrar. De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) sete dos 19 açudes da Bacia estão vertendo água: o Patu, em Senador Pompeu; Foguareiro e o Quixeramobim, no município de mesmo nome; O São José e o Vieirão em Boa Viagem; O São José II, em Piquet Carneiro e o Jatobá, em Milhã.
Realidade alterada
Esse marzão de água que escorre pelos sangradouros, promovendo um espetáculo turístico que vemos hoje, foi difícil de imaginar dois anos atrás. Corta para 2021: o cenário era de seca total. A Bacia não tinha nenhum açude sangrando, era a que tinha o menor acumulado entre as bacias hidrográficas do estado, e não obstante, a que possuía o menor número de açudes secos, três naquela época.
O Revista Central mostrou essa realidade numa reportagem que fizemos em outubro daquele ano. “Além de possui o maior número de açudes secos entre todas as bacias, uma outra informação também preocupa os moradores do Sertão Central: o percentual total acumulado pelos 19 açudes chega a 8% de tudo o que, juntos, podem acumular, o que faz com que esta bacia também seja a que possui o menor índice de acúmulo de água entre todos as bacias”, dizia o texto.
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Uso responsável
O próprio açude Banabuiú está em condições como não era vista desde 2009, ano em que ele sangrou pela última vez. As águas já aportaram 130 metros no gigante do Sertão Central, dado que tem ativado a esperança da população, já que a sangria é permitida quando chega na cota de 142 metros.
A água é considerao um bem universal, e embora esteja acumulada em um determinado município, pode ser liberada para atender a outro em situação preocupante. A gerência de águas no Ceará é feita pela Cogerh, que de tempos em tempos, em reuniões com representantes das bacias, deliberam a alocação de águas, uma medida alvo de críticas por parte da população que chegou a acusar a Cogerh de secar alguns açudes no passado, como o Banabuiú.
Além da responsabilidade do usuário, carece que os órgãos estaduais e federais tenham precisão e ciência das medidas que vão tomar. Do contrário, os reservatórios podem secar rapidamente e voltar a apresentar as situações de antes.