Quixadá: “Recebemos, nesta quarta-feira, 15 de dezembro, a decisão do Papa Francisco em acolher seu pedido de renúncia ao governo pastoral. Agradecemos a sua contribuição à diocese de Quixadá”. Quem acordava no dia 15 de dezembro de 2021 e olhava o site da CNBB, o principal porta-voz oficial da Igreja Católica no Brasil, tomava um susto. Dom Ângelo Pignoli não era mais bispo da Diocese de Quixadá.
O pedido de renúncia foi feito pelo próprio Ângelo considerando o Cân. 401 do Código Canônico, o documento que rege as leis da igreja: quem tem 75 anos pode encaminhar ao Papa o pedido de renúncia do cargo e deixar de se tornar bispo diocesano para passar a ser chancelado como Bispo emérito.
Dom Ângelo assim fez e o Papa Francisco aceitou. O pedido foi publicado no dia 15 de dezembro do ano passado. Com isso, essa semana completou um ano que a Diocese de Quixadá está sem um bispo oficialmente nomeado. A instituição fica no período de Sé Vacante, quando não possui um novo bispo. Mas o que mais intriga os fiéis é que ninguém sabe se essa situação vai durar por muito tempo.
Sigilo absoluto
É que a escolha de um bispo é um dos processos mais sigilosos da Igreja Catolica, como aliás são quase todos os processos da Santa Sé. O processo em si leva em conta dezenas de fatores, também sigilosos, e não há prazo estipulado para que isso ocorra, podendo durar meses ou até anos.
Um exemplo está na Diocese de Iguatu. O padre Geraldo Freire Soares, missionário redentorista, foi nomeado bispo um ano e três meses depois que o cargo estava Vacante. Dom Edson de Castro Homem teve o pedido de renúncia aceito pelo Papa Francisco em 24 de fevereiro de 2021, e a nomeação de Geraldo só ocorreu em maio de 2022.
Na época em que Dom Ângelo renunciou, o Revista Central ouviu uma fonte do Seminário Diocesano de Quixadá que afirmou: “Quando o papa tiver um nome, o escolhido será o primeiro a saber”. Ou seja, ninguém além do próprio bispo eleito, saberá de sua nomeação antes do que ele próprio, tamanha é a sigilosidade desse processo.
Diocese segue administrada
Dizer que a Diocese não possui um Bispo não significa dizer que ela está à Deus-Dará. O padre Francisco Otaviano foi eleito administrador diocesano enquanto um novo pastor não for escolhido. Ele não tem os poderes de Bispo, mas rege a Diocese e suas paróquias administrativamente, para que o serviço burocrático e eclesiástico das matrizes e paróquias não parem.
Tentamos ouvir Padre Francisco Otaviano para esta matéria, mas as ligações não completaram. Contudo o ato era apenas um procedimento de praxe do jornalismo porque, se considerada as condições acima, era certo que ele nada teria o que falar, porque estar na administração diocesana não significa que ele saiba quem será o próximo bispo.
O Revista Central apurou que Dom Angelo Pignolli retornou pra São Paulo, de onde é natural. Agora ele é cancelado como bispo emérito, autoridades nestas condições, como Dom Adélio por exemplo, continuam sendo bispos, uma vez que receberam a ordenação episcopal, mas já não têm propriamente um ofício para exercer, como o comando de uma diocese. Isso, porém, não significa que eles não são mais ativos.