Região Central: O domingo de 13 de novembro foi marcado pela força do simbolismo cristão, em respeito aos retirantes que morreram das dificuldades geradas pelo período de seca, no ano de 1932. Milhares de devotos e católicos participaram da tradicional Caminhada da Seca, que acontece anualmente, no segundo domingo de novembro, em Senador Pompeu.
Organizada pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos Antônio Conselheiro (CDDH-AC), com apoio da Paróquia da cidade e da Diocese de Iguatu, além da Prefeitura Municipal da cidade e empresários, a Caminhada chegou à sua 40ª edição neste domingo. De tão numerosa e sempre aumentando ano após ano, os organizadores nem estimam mais o público participante.
Por um percurso de quatro quilômetros, os fiéis iniciaram a procissão por volta de quatro da manhã, saindo de frente da igreja matriz de Senador Pompeu, e indo até o Sítio Histórico do Patu, onde, estima-se, estejam enterrados em covas coletivas, as pessoas que morreram naqueles primeiros anos da década de 30. A caminhada é feita sempre com rezas e a entoação de cantos de louvor.
Uma missa foi celebrada no local. Chovia pouco antes da procissão começar, mas a água não foi impedimento para que os fiéis deixassem de prestar sua homenagem àqueles que morreram pela falta de assistência e por um gesto maior do desrespeito com os direitos humanos básicos.
A romaria ao Santuário da Seca teve início em 1982, no cemitério da Barragem do Patu, por iniciativa do padre Albino Donatti. A ideia da Caminhada surgiu com o objetivo de reverenciar os mortos no mês de novembro, e, portanto, o segundo domingo deste mês foi escolhido pelo sacerdote para reverenciar também os mortos anônimos da seca de 1932.
Este ano, além de celebrar os 40 anos da tradição, a Caminhada ocorre com o Sítio Histórico tombado pelo poder estadual. O processo que corria há anos, foi concretizado em agosto deste ano, por iniciativa da Secretaria de Cultura do Estado (Secult).