Região Central: Quem mora em Boa Viagem certamente não esquece das datas de janeiro de 2004, abril de 2008, maio de 2009 e de 2011. Foram os períodos em que o açude Vieirão atingiu sua cota máxima. Mas quem viveu aqueles anos, jamais esperava que uma década depois o reservatório responsável pelo abastecimento do município fosse agonizar. Atualmente o açude possui apenas 290 mil metros cúbicos de água acumulada, um dado preocupante: se não houver paliativos, o abastecimento da população pode entrar em colapso.
Conforme a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) o Vieirão tem capacidade de 20 milhões de metros cúbicos. Quando está cheio a água sobe 101 metros até chegar no sangradouro. Mas atualmente possui apenas 1,42%, cenário que deve provocar o prefeito Regis Carneiro a tomar uma decisão dura: nos bastidores, comenta-se que ele não vai realizar festas de forró no aniversário do município, comemorado na próxima segunda (21), para usar o dinheiro em ações paliativas de abastecimento.
Depois de atingir a cota máxima pela última vez em 2011, o açude passou a registrar frequentes quedas nos níveis de água até que em 2013 entrou numa situação preocupante. Embora já seja uma realidade vivida antes, desta vez a Prefeitura de Boa Viagem garante que é “a mais longa e grave crise hídrica”.
Ações para evitar o pior
A gestão de Boa Viagem afirma que tem buscado constantemente soluções para enfrentar o problema e impedir que ele piore. Em nota a Prefeitura afirmou que “O Município atua em parceria com o Governo do Estado, através da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), a Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra) e a Cogerh”.
A Cogerh confirmou que tem sido procurada pelo Município e promovido ações conjuntas. A principal delas está na prevenção, que ocorre com a difícil tentativa de conscientizar o consumidor. Por meio do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) o município afirma que entrega panfletos juntamente com cada conta de água, informando o volume do açude, com alertas para evitar desperdícios e com dicas de economia.
Mesmo assim, para atender a demanda básica, dados do Portal Hidrológico da Cogerh mostraram que no último trimestre o Vieirão perdeu, em média, mil metros cúbicos de água por dia. Parece uma sina: embora haja esforço para economizar o açude morre um pouquinho a cada dia.
Boa Viagem já limpou ,fez teste de vazão e perfurou 23 poços profundos. Abriu oito outros poços que estavam desobstruídos, além de instalar 15 chafarizes. Localidades da zona rural estão sendo socorridas graças a essas ações, como Anafuê e Capitão. Há um ano a cidade está em racionamento. Dividida em 4 setores, cada um deles no município recebe água dia sim, três não.
Todos precisam colaborar
Em nota a Cogerh afirmou que junto a Defesa Civil, se reúne periodicamente para discutir o abastecimento de Boa Viagem e fornece “relatórios periódicos e apoio em ações preventivas”, como na utilização do açude Capitão Mor para instalar um sistema emergencial de abastecimento para atender os bairros COHAB, Padre Paulo, Várzea do Canto e Capitão Mor.
Ficar sem água é uma realidade que parece distante para o cearense, mas seja pela ausência de chuvas ou pelo consumo desenfreado, de vez em quando parece bater à porta. Em Boa Viagem, caso a população não colabore e não chova significativamente daqui há dois meses, quando começar o período chuvoso, a situação pode se complicar.
A gestão disse em nota que “o prefeito Régis Carneiro vem trabalhando para a obtenção dos recursos junto aos Governo do Estado e Federal”, mas Regis, sozinho, não fará milagre. É como aquele ditado em tempo de seca: uma andorinha sozinha, não faz verão.