Eleições 2022/Região Central: Se a disputa pelos votos em um município já é desafiador para prefeitos, conquistar o eleitorado para um cargo na Assembleia Legislativa do Estado requer uma força-tarefa maior. Mas há quem tenha sido derrotado nas urnas municipais em alguns casos, e esteja proposto a topar esse desafio. Pelo menos dois ex-prefeitos do Sertão Central estão concorrendo a uma vaga de deputado estadual nas eleições de 2022. Os dados foram levantados pelo Revista Central na Plataforma DivulgaCand.
Entre os dois nomes que figuam o levantamento está o de Clébio Pavone. Ex-prefeito de Quixeramobim, uma das maiores cidades do Sertão Central e que possui alguns dos mais importantes equipamentos do estado, como o Hospital Regional do Sertão Central (HRSC) e a futura faculdade de medicina, Pavone pleitea uma cadeira na Assemblea do Ceará pelo MDB.
Ele disputou a reeleição em Quixeramobim depois de enfrentar um mandado desafiador, marcado por crises e descontentamento do servidor público. Foi às urnas contra Cirilo Pimenta, nome conhecido na história política da cidade, e perdeu com 25% de votos de diferença. Enquanto ele apurou 11.980 votos válidos, Cirilo, que foi eleito, teve um total de 23.712 votos, quase o dobro.
A primeira e única vitória de Pavonte contra Cirilo, nas eleições de 2016, já não foi tão grande assim, é bom lembrar. Clébio Pavone ganhou apertado, com cerca de 7% de diferença, o que totalizou menos de quatro mil votos na contagem, um número pequeno para um eleitorado do tamanho de Quixeramobim.
O mais curioso, no entanto, está no fato que Cirilo Pimenta, que senta na cadeira que um dia Clébio Pavone sentou, além de comandar o município e deter as rédeas da máquina pública, é também o nome de confiança de Roberto Cláudio no Sertão Central, coordenando sua campanha entre os 18 municípios que compõe a georgafia Central cearense, uma situação nada fácil para Pavone.
Essas constatações, no entanto, não tiram o mérito que o ex-prefeito tem com seu eleitorado. A história da política mostra, através dos números, que todo candidato tem seu eleitorado fiel. Com Pavone, certamente, não será diferente e ele terá seus votos e, a bem da verdade, nada o impede de sair vitorioso. A análise que se faz, no entanto, é do cenário de obstáculos que tanto sua história como a atualidade, lhe colocam.
O outro nome que disputa uma vaga de Deputado Estadual é o ex-prefeito de Itatira, Almir Bié. Ele ganhou as eleições de 2016 e em 2020 elegeu seu sucessor, o atual prefeito Zé Divil que recentemente foi alvo de uma operação por suspeita de fraude e desvio de recursos em licitações fraudulentas.
Bié tem uma caminhada longa na política dos sertões de Canindé. Já foi prefeito de Itatira por quatro mandatos, criou programas importantes, conhece a região na palma da mão, mas não escapou das armadilhas do serviço público. Foi alvo de várias denúncias, como a devolução de mais de R$ 100 mil ao Fundo Nacional de Saúde, utilizado na época, confome denúncia do Tribunal de Contas da União (TCU), de forma indevida.
A candidatura de ex-prefeitos não é algo novo na política. Muitos dos deputados que lá estão, passaram em algum momento por uma prefeitura, é o caso da ex-prefeita de Fortaleza, Luiziane Lins, que chegou a ser deputda federal. Mas os desafios são muitos para quem quer conquistar a confiança do estado e enfrentou problemas dentro da própria casa.
