A agonia do Pedras Brancas: açude que abastece Quixadá enfrenta pior seca em quase 20 anos

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Reservatório responsável pelo abastecimento de Quixadá chegou ao seu nível mais crítico em cerca de 20 anos (Foto: RC)

Quixadá: O açude Pedras Brancas, reservatório responsável pelo abastecimento dos moradores de Quixadá, enfrenta sua pior situação em quase 20 anos. Se nada mudar tudo indica que o Pedras Brancas pode seca, trazendo uma série de consequências, sendo a principal delas, o abastecimento humano.

De acordo com os dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o Pedras Brancas possui, atualmente, um volume de 12,83 hm³ de água acumulado. Em termos percentuais, isso representa um acúmulo de apenas 2,81%, uma situação preocupante, tendo em vista o registro de períodos anteriores. É o menor índice já registrado no Pedras Brancas desde 1º de janeiro de 2004, quando o mapeamento diário da situação dos açudes passou a ser feito pela Cogerh.

O Pedra Branca era, até pouco tempo, responsável pelo abastecimento de duas cidades do Sertão Central: Quixadá e Quixeramobim, mas em função do seu baixo índice, ele deixou de fornecer água para esta última. O Revista Central inclusive levantou junto a uma fonte a informação de que a adutora que levava a água do açude até a terra de Antônio Conselheiro estava sendo desmontada.

Esses números começam a perturbar os moradores de Quixadá que temem enfrentar uma situação difícil de abastecimento. Se secar, como os quixadaenses vão ter água em casa? Uma alternativa seria a Operação Carro-Pipa, do Exército Federal, mas a quantidade de pipas contratadas pelo Exército, atualmente não é suficiente nem sequer para levar água aos distritos, que dirá aos moradores da sede.

Açude é a principal fonte de abastecimento de Quixadá: o que vai ser da cidade se ele secar? (foto: RC)

Utilizar racionalmente a água que resta seria uma alternativa essencial, mas a salvação do Pedras Brancas estaria ligada diretamente a um fator decisivo: o inverno. Somente as boas chuvas para trazerem de volta a confiança de que o açude estará apto a operar em sua normalidade em 2022.

Embora essa seja a maior esperança, a julgar pelo observado nos anos anteriores, isso se torna preocupação. Em julho de 2020, por exemplo, o Revista Central mostrou que passada a quadra chuvosa, o Pedra Branca acumulou menos do que o observado no período final das chuvas em 2019.

Em setembro deste ano o Comitê da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Banabuiú realizou uma reunião para discutir a liberação de água do Açude, e o tema gerou ampla divergência de opiniões, com a decisão pela não liberação do reservatório definida por meio de votação.

Se a água é a fonte essencial de vida e depender dela é uma incerteza, tendo em vista que é impossível precisar se chove ou não no inverno de 2022, resta uma pergunta na mente de quem depende do Pedras Brancas: o que será de nós, se esse açude secar?