Mais de 22 mil alunos abandonaram a escola no Ceará; aulas remotas na pandemia é principal motivo

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Alunos do ensino fundamental alegam aulas remotas como motivo para abandono das aulas (Foto: Fetance)

Com a pandemia do coronavírus e o advento das aulas na modalidade remota, cresceu o número de alunos que deixaram de marcar presença nas aulas no Ceará. Dados do Unicef mostram que 22.193 estudantes do estado deixaram de comparecer às aulas e por isso são considerados como alunos que abandonaram a escola.

Os números são referente ao período de 2019 até maio deste ano e tratam especificamente de alunos que cursam séries do ensino fundamental. Os dados foram levantados pelo Unicef através da plataforma Busca Ativa.

12 mil alunos do total de 22 mil que abandonaram o ensino, estão sendo acompanhados pelas escolas como parte de uma estratégia para convencê-los a voltar a estudar. A maioria deles são de Juazeiro do Norte, Caucaia e Itapipoca.

As razões apontadas pelos alunos que deixaram de estudar e que são mapeados pela plataforma varia, mas a grande maioria alega que com as aulas na modalidade virtual e remota os conteúdos deixaram de ficar interessantes. Morar longe da escola, ter que se mudar de cidade são alguns dos outros motivos.

Mas há também questões graves, como alunos que são moradores de rua e não possuem infraestrutura para estudar. Adolescentes que engravidam, que sofreram abuso ou que são dependentes químicos também estão entre os motivos. Existem até relatos de alunos que deixaram de estudar por não terem transporte disponível ou documentação emitida.

Com pandemia, aulas passaram a ser virtuais (Foto: divulgação)

Pandemia

De acordo com o Unicef, os números gerados pela plataforma são disponibilizados para diversos órgãos para que possam montar estratégias e estudos de forma a reconduzir os alunos à sala de aula, entre eles o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), os conselhos tutelares e ainda as próprias escolas.

O que os alunos alegam como “conteúdo desinteressante” é consequência de um fator que provocou mudanças em vários setores e nas mais diversas camadas da sociedade do mundo todo: a pandemia do coronavírus. Como o vírus é transmitido por aglomerações, desde o dia 20 de março de 2020, como parte das estratégias para conter a disseminação, as aulas foram suspensas e o conteúdo passou a ser transmitido online.

O retorno de forma híbrida é projetado para este segundo semestre, como já ocorre em escolas particulares desde o primeiro semestre. Desde março de 2020, cerca de 48 milhões de estudantes deixaram de frequentar as atividades presenciais nas mais de 180 mil escolas de educação básica espalhadas pelo Brasil, como mostram os dados do último Censo Escolar produzidos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

Até agosto, de acordo com o MPCE dos 184 municípios cearenses, 119 enviaram o Plano de Retomada das Aulas Presenciais. Dentre as respostas, 110 cidades (59,78%) encaminharam ao Ministério Público o Plano de Retomada, seis informaram que o referido Plano está em elaboração (3,26%) e três informaram outras providências (1,63%), sem mencionar o Plano.

Outros 65 municípios não responderam ao Ofício do MPCE (35,33%). Os planos seguem as diretrizes disponibilizadas pela Seduc e abordam a governança, que leva em consideração a realidade múltipla dos alunos; infraestrutura, diretrizes pedagógicas e sanitárias e gestão de pessoas.