Coluna Amadeu Filho: Dr. Benedito Gonçalves de Melo continua vivo em nossos corações

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Dr_benedito2O inesquecível médico deixou muitas saudades pela sua doação aos pacientes e amigos, pelo exemplo de vida.

“O grande problema do mundo é a falta de fraternidade”. Este comentário foi feito pelo médico Benedito Gonçalves de Melo, numa tarde, daquelas bem quentes, no tranquilo Quixadá dos anos 80. O companheiro de papo, irmão Leca, concordara plenamente.

Realmente, o desenvolvimento de ações humanitárias marcaria, de forma irreversível, o nome deste médico entre os grandes benfeitores de Quixadá e Banabuiú (município a partir de 1988). Filho do casal Valdimiro Gonçalves Pimenta e Maria Helena Gonçalves, nasceu em 29/04/1947, em Laranjeiras, Banabuiú, ainda distrito.

Dr_benedito3Prestou inestimáveis serviços e acolheu, sempre com muito amor, os mais pobres, levando conforto e esperança. Sua imagem de bondade, caridade, humildade, ainda hoje são lembradas por muitos. Gostava de estar no meio das ‘pessoas do povo’. Uma cena tornara-se comum, naqueles dias, ou seja, um médico conduzindo pacientes em seu próprio carro, do Hospital de Quixadá até Banabuiú.

Quando se tratava das senhoras que tinham dado à luz, Benedito conduzia o recém-nascido no colo, enquanto a mamãe ficava no banco detrás.  Era visto, com frequência no ponto do seu amigo Quin, aonde passava horas, brincando na sinuca com os amigos.

Em Banabuiú, chama a atenção, o fato da presença nas paredes, em diversas casas, de um Dr_benedito4retrato do estimado médico. Prova maior da gratidão daquelas pessoas ao seu trabalho solidário. Queridíssimo, pelos serviços prestados como médico, tornou-se o primeiro prefeito do novo município, tendo administrado com probidade, responsabilidade e respeito à coisa pública. Correspondendo plenamente aos anseios da população da jovem cidade, retornaria a prefeitura para um novo mandato, no ano de 1996. Quando esteve exercendo a medicina no hospital de Quixadá, atendendo ou, nas vezes que o dirigiu, conquistou o carinho dos pacientes e funcionários. Era grande amigo dos colegas médicos e dos funcionários Chico da Dr_benedito5Babá, Airton do Choró, Valdecíria, Lindalva, Nirinha, Leda, Branquinho, enfim, de todos.

Nos dias em que fazia atendimento, era grande o número de pessoas que queriam ser atendidas por ele. Teve que fechar a sua clínica particular, montada, com muito sacrifício. O motivo? Na maioria das vezes, não cobrava pelas consultas e em outras ocasiões, bancava o remédio dos clientes.

Dr. Benedito concluiu o curso de medicina, em São Luís-MA, no final dos anos 80, começando a trabalhar em cidades do vizinho estado. Foi trazido para a Terra dos Monólitos pelas mãos dos médicos Everardo Silveira e Dr_benedito6Laércio. Sempre teve o respeito e o carinho de José Linhares da Páscoa, homem público de evidentes virtudes, que via naquele jovem, um futuro líder.

Dr. Benedito fazia questão de ressaltar a grande gratidão que tinha pelos colegas Sérgio Pavão, Mesquita, Edvando, Arimatéa, Ednilson, Antônio Moreira Magalhães, citando apenas alguns.

Numa manhã de quinta-feira, mesmo exausto do trabalho, como médico e administrador, teria que ir à Fortaleza, com o objetivo de levar professores que iriam receber títulos. Naquela manhã, Dr. Benedito percorria um caminho, já tão familiar, pois, por muitas vezes, ali passara. Um pouco depois das 7 da manhã, perdeu o controle da direção, nas proximidades do posto São Paulo, distrito de Pirangi, Ibaretama.

Terminou ali, naquele momento, uma vida de um médico que sempre priorizou o amor pela vida humana. Terminou ali, a caminhada de um médico que transformou tantas lágrimas em sorrisos. Pouco atrás do carro de Benedito, vinha Dr. Mesquita, que também conduzia professores até a Capital. Foi ele e os que o acompanhavam, os primeiros a se depararem com aquele panorama. Ao se aproximar e tentar socorrer o querido amigo, concluiu que nada poderia ser feito.

Naquela manhã, de uma linda quinta-feira(18.12.1997), a vida deu adeus ao jovem médico e político. Padre Giovani, um dos companheiros de viagem, falou que pressentiu um grande cansaço demonstrado pelo amigo e, algumas vezes, percebia o carro, saindo um pouco da estrada. Muito interessante o fato do irmão Leca ter perdido a hora desta viagem à Fortaleza, aonde também deveria comparecer. O irmão, no entanto, estava feliz pois, Benedito iria assistir aos seus amigos professores serem agraciados. De repente, o amigo Roró se aproxima e comunica ao Leca, a triste notícia da morte de Benedito.

O anúncio da morte do médico humanitário foi acolhida num clima de intensa tristeza e a emoção se apresentava nas reações expressas pelos colegas de trabalho e, em especial, pelas pessoas humildes. Tutu, que trabalhara com ele, assim reagiu, com lágrimas nos olhos: “Perdi um amigo, um irmão, ele se preocupava tanto com a gente, mesmo dispondo de pouco tempo”.

As cidades de Quixadá, Banabuiú e todo o Sertão Central cearenbse, choraram a morte de Dr. Benedito e lhe renderam as justas homenagens. Hoje, a imagem do carismático médico é uma doce recordação no coração dos amigos e irmãos Leca (foi vereador de 1992 a 1996, em Quixadá), Benedita, Fátima Gonçalves, Edvanda e Vilanir.

O filho Henrique, então com 13 anos, perdeu mais um amigo que um pai. Tantas vezes, o pai lhe recomendara um grande respeito para com todos e, principalmente, em relação aos mais simples.

O inesquecível médico deixou muitas saudades pela sua doação aos pacientes e amigos, pelo exemplo de vida, por ter nos ensinado a grande lição da humildade. Sua memória será sempre reavivada em todas às vezes que se pratique o amor ao próximo. Nunca te esqueceremos, amigo!

Acessando o blog Amadeu Filho você terá a oportunidade de conhecer mais sobre a história de Quixadá.

Amadeu Filho
Colunista da RC
Radialista Profissional
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