Coluna Amadeu Filho: Nossa querida escritora Rachel de Queiroz também conquistou o prêmio “Camões”

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Tem notícias frescas na cultura brasileira e foi ele, ele sim! Chico Buarque é o novo ganhador do Prêmio Camões de Literatura, principal troféu da Literatura em língua portuguesa. Foi instituído em 1988 com o objetivo de consagrar um autor que tenha contribuído para o engrandecimento do patrimônio cultural de nossa língua comum. Chico foi eleito pela contribuição a cultura em todos os países onde se fala a língua de Camões.
O cantor e compositor foi o décimo terceiro escritor brasileiro a ganhar o importante reconhecimento. Chico irá embolsar cerca de r$ 451 mil reais de acordo com os sites de notícias. O vencedor foi escolhido por uma equipe formada por seis jurados indicados pela Biblioteca Nacional do Brasil, pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela comunidade africana.

O último escritor brasileiro vencedor do destacado prêmio foi Raduan Nassar, autor de clássicos como “A Lavoura Arcaica” e “Um Copo de Cólera”, em 2016.

Raduan Nassar -Autor de Lavoura Arcaica é vencedor do Prêmio Camões
Raduan Nassar -Autor de Lavoura Arcaica já foi vencedor do Prêmio Camões

A intelectualidade brasileira comemora o feito do famoso cantor e compositor. Palmas que ele merece!

Em 1993, a força feminina de uma mulher sertaneja de muito talento e que fazia questão de afirmar ser quixadaense, encantou o júri do destacado troféu que reconheceu o grande valor da obra literária de Rachel de Queiroz e assim ela se tornou a primeira escritora brasileira vencedora do principal troféu literário da língua portuguesa.

Neste caso, houve comemoração não apenas no espaço intelectual mas pelas pessoas simples de todo o país e, em especial, o aplauso também brotou dos moradores dos lares nordestinos. Embora tenha sido extremamente aplaudida em todo o Brasil, é nos sertões nordestinos onde Rachel é mais amada, exatamente porque conheceu e conviveu com aquela gente sofrida mas que nunca perdeu o seu encantamento. Na verdade, a escritora nunca esteve longe do seu sertão pois ele sempre esteve presente em seus afetos.

Cedinho da manhã, Jonas Sousa dava pelas ondas do rádio, a notícia do prêmio ganho por Rachel de Queiroz. A terra dos monólitos amanheceu bem feliz e a notícia era o assunto em toda a bela cidade. “Dona Rachel ganhou o prêmio de melhor escritora de língua portuguesa!” Isso acontecia nos encontros entre os amigos e se espalhou por toda a cidade. A escritora certa vez escreveu que “Neste mundo tão grande, nunca houve pedaço de terra que tenha sido mais preso ao meu coração do que aquele trecho bravio do município de Quixadá”.

Na fazenda “Não me Deixes“, recanto predileto da autora, os moradores gastavam felicidade e se prepararam para receber a querida mulher. As moradoras combinaram preparar uma galinha cabidela acompanhada de um pirão muito gostoso e que a escritora adorava. Dona Alzenir Ferreira que era uma das pessoas que cuidava da fazenda, fazia questão de afirmar que Rachel sempre teve um carinho todo especial com as pessoas humildes daí ser muito querida por toda aquela gente.

“Não me chamem de escritora e sim de professora ou doceira”

A professora Rosita que cuidava dos interesses da autora de “O Quinze” lembrava que ela sempre pedia: “Não me chamem de escritora e sim de professora ou doceira“. Não pude testemunhar mas acredito que muita gente que mora nos pés de serra do sertão, tenha contratado sanfoneiro e zabumbeiro para um forró daqueles que vão até o dia amanhecer. Ora, por que não? Já tinha acontecido quando ela foi eleita a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras. Claro que todo o Brasil aplaudiu mas no Nordeste foi uma explosão de contentamento.

Por tudo isso, a vitória de Rachel não foi ovacionada apenas por gente da Academia mas também pelo chamado “povão”. É bom lembrar que esta gente, pobre e desassistida, sempre foi destacada na obra da escritora nordestina surgindo daí uma grande interação com estas pessoas(representada pelos personagens). Ela foi a voz daquela gente que não tinha voz e foi uma espécie de embaixadora do sertão.
Lygia Fagundes Telles completa completou 96 anos

Além de Rachel, só outra escritora foi vencedora da premiação, a paulista Lygia Fagundes teles no ano de 2005. A premiação de Chico Buarque nos inspirou a escrever este despretensioso texto cujo objetivo maior é lembrar da conquista de uma personalidade tão próxima de nós e torço muito para que jovens quixadaenses se dediquem mais a conhecer a trajetória deste talento extraordinário que a todos fascina com seus belos livros que é a escritora Rachel de Queiroz.

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Autor
Amadeu Filho
Colaborador da RC
Colunista
Radialista Profissional