Há tempos perdura a crença arraigada nos corações dos cearenses, de que a ocorrência de chuvas no Dia de São José prenuncia um período favorável de precipitações e prosperidade futura. Com a chegada do dia 19 de março, as preces se dirigem aos céus na esperança de obter água para abençoar as colheitas e reabastecer os açudes. Mas de onde surgiu a tradição, tanto da fé quanto da ciência, em relação a essa crença?
Em muitas culturas, São José é considerado um protetor da colheita e dos trabalhadores rurais. Por esse motivo ocorrem neste período do ano novenas em homenagem ao santo, fato que coincide com as chuvas de março na região do nordeste.
Estudiosos da religião explicam que os rituais possuem fundamento teológico, mas quanto às chuvas, se trata de uma crença que associa a religiosidade à cultura local, até porque para o catolicismo o santo ligado aos fenômenos climáticos como a chuva é São Pedro, e não São José.
No ano passado o jornal Diário do Nordeste fez uma análise de como foi o inverno nos últimos 20 anos, depois do dia de São José, observando se naquele dia tinha chovido ou não. Em 11 dos 20 anos, choveu no dia de São José e as chuvas seguintes do resto da quadra invernosa foi boa. Em nove dos anos anteriores, ocorreu o inverso: não choveu no dia do santo, e o inverno não foi bom.
Mas para quem estuda as chuvas do ponto de vista científico, a partir das teorias da meteorologia, isso não passa de uma mera coincidência. A crença pode ter nascido na relação do fato que, no hemisfério sul, o dia de São José ocorre próximo ao equinócio de outono, período em que as chuvas são fundamentais para o plantio e a germinação das sementes.
Na região do Ceará a data do dia do santo esbarra com o período em que a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) chega ao seu pico. A ZCIT é o principal fenômeno causador de chuvas nesta região.