Há uma semana, quando vazaram as fotos da autópsia da cantora Marília Mendonça dentro do IML, um dos termos mais buscados na internet foi “Fotos Marília Mendonça”. Apesar de chocantes, as imagens despertaram uma curiosidade nas pessoas que tornou difícil resistir a tentação de olhar. Mas de onde é que vem esse fascínio por ver pessoas mortas, e por que é temos tanta curiosidade de olhar vídeos e fotos de tragédias?
Marília Mendonça não é a única, quando aconteceu o acidente com o cantor Cristiano Araújo também vazaram fotos dele de dentro do IML. A explicação para essa curiosidade pode vir de diversas formas, e está essencialmente em questões psicológicas. Uma delas é que muitas vezes é difícil acreditar que tragédias possam acontecer com pessoas que vemos na TV, na Internet e nos vídeos de música, e então precisamos ver para crer.
Empatia e tabu
Quando visualizamos essas pessoas em situações de tragédias, nos perguntamos: “o que será ela sentiu sentido no momento do desastre?” e “será que ela sofreu?”. Essas perguntas que fazemos de modo automático nos coloca no lugar das vítimas, imaginando como seria se, em vez delas, fossemos nós naquela situação. Sendo assim, a curiosidade que sentimos é resultado do nosso próprio desejo de experimentar o sofrimento dos outros. Em outras palavras, nós sentimos empatia.
A curiosidade por imagens perturbadoras pode também estar ligada ao fato delas terem sido tratadas ao longo dos anos como um tabu, algo que não deveríamos ver ou saber. É comum ter sempre alguém que pede para mudar de assunto quando conversamos sobre a morte, e é essa negativa que desperta em nós uma ansiedade e o desejo de procurar coisas relacionadas a ela e, nestes casos, ver estes vídeos.
Questões genéticas
Também existe uma explicação genética: ao ver essas imagens produzimos no nosso organismo a liberação de algumas substâncias que estão ligadas à sensação de prazer e fazem você continuar vendo cenas violentas mesmo sem saber a razão.
Além disso, há pessoas que encaram a morte como um espetáculo, o que aumenta e estimula delas. Elas não pensam e já vão passando para frente o vídeo, vira um ciclo. Para a psicologia há ainda aqueles que sentem prazer ao ver o sofrimento alheio. Isso pode ser desencadeado por fatores como genética, questões ambientais e alterações hormonais.
Procurar e gostar de conteúdos e acontecimentos trágicos que não se relacionam com a própria existência não configura nenhum tipo de problema psiquiátrico. Entretanto, como já mencionado no início, excessos provocam e estão relacionados a desequilíbrios. Então, faz mal quando esse negativismo passa a dominar o tempo todo as atenções e impede a pessoa de levar uma vida normal, ter ambições, aprender, falar sobre outros assuntos e ser leve.
Com textos de Priscila Carvalho e Marcelo Testoni, do Uol; Universo Curioso e site do psicólogo Arnaldo Cheixas.