Detento usava tampas de quentinha para mandar ‘salve geral’ à facção de dentro do presídio

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Detento usava tampas para escrever mensagens e se comunicar com membros da facção dentro do presídio (Foto: MPCE)

Uma operação foi deflagrada nesta quarta-feira (5) dentro da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Juca Neto – CPPL III, em Itaitinga, contra um detento que, conforme as investigações, enviava “salve geral” de uma facção criminosa e promovia a comunicação entre líderes do grupo, por meio de mensagens escritas em tampas de quentinhas.

Com o alvo da operação foram apreendidas sete tampas de quentinhas com mensagens dirigidas a outros detentos. Em depoimento, o investigado disse que pegava a parte de alumínio da quentinha e afinava a ponta, visto que o alumínio solta uma substância preta que, molhada com sabonete, faz o traço ficar mais espesso, usando-a como se fosse um lápis.

Intitulada de Operação Manifesto, a ação foi realizada pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), em parceria com a Secretaria de Administração Penitenciária. O objetivo era cumprir um mandado de busca e apreensão e um de prisão preventiva contra o detento.

Segundo as investigações o suspeito da operação é integrante de uma facção criminosa que tinha a função de “salveiro geral”, a pessoa responsável por repassar e receber os comunicados da organização, tanto dentro do próprio sistema prisional quanto fora das penitenciárias, conectando as diferentes cadeias do grupo.

As investigações começaram em abril de 2022, após a apreensão do material durante uma ronda noturna. Ao examinar o teor das mensagens contidas nas tampas, verificou-se que se tratava de informações sobre o funcionamento da facção dentro do próprio presídio.

Em um dos bilhetes ficou claramente combinado que os detentos deveriam incentivar seus familiares a denunciarem supostas agressões que estariam sofrendo dentro do presídio. Segundo o acusado, a meta era conseguir 70 denúncias por visitante, pois só assim conseguiriam chamar atenção da imprensa e, consequentemente, da sociedade para a situação dos detentos.

Todo o material apreendido foi submetido à perícia, que comprovou a autoria das mensagens. O alvo já cumpre pena pelo crime de tráfico de drogas. Caso seja condenado pelos novos delitos, irá também responder por integrar organização criminosa, com agravante de atuar como liderança do grupo.