Agricultor em Canindé entra para o curso de direito aos 75 anos e ganha festa surpresa

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Seu Antônio (ao centro) ganhou festa de aniversário da turma (Fotos: reprodução Unopar)

Sertões de Canindé: No começo de março três alunas de uma universidade de Bauru, interior de São Paulo, gravaram um vídeo ridicularizando uma colega do curso de biomedicina porque ela tinha mais de 40 anos. O que está acontecendo no Ceará é uma história semelhante, mas com um desfecho bem diferente, e que merece ser replicado: um senhor de 75 anos começou a estudar direito em uma faculdade, e de tão querido pela turma ganhou até festa de aniversário surpresa.

A história está se passando com o agricultoir aposentado Antônio Santos de Sousa, em Canindé. Antônio tem o sonho de ser juiz e está alimentando esse desejo desde que concluiu os estudos com a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e se matriculou este ano na Unopar de Canindé, onde está cursando o primeiro semestre de Direito.

A figura do homem de 75 anos sentado novamente nas carteiras de uma sala de aula, não foi nem de longe motivo de exclusão por parte dos colegas. Muito pelo contrário: seu Antônio tem sido bem recebido em sala e de tão especial já teve até festa de aniversário surpresa, no início de abril, quando completou os 75 anos.

O agricultor sonha em ser juiz e concluiu o EJA dois anos antes

“O Seu Antonio, para nós, tem sido uma grata surpresa. Um aluno que, enquanto agricultor, teve dificuldade de acesso ao conhecimento”, declarou ao G1 Cerá a diretora da Unopar Canindé, Vera Araújo. O site mostrou a história de seu Antônio na última semana.

Para estudar no município, ele se descola mais de 100 km entre a casa onde mora, que fica em Campos Belos, distrito do município vizinho de Caridade, até o Centro de Canindé, onde fica a faculdade. Nos primeitos dias, ele percorria cerca de 30 km de bicicleta, até chegar ao ponto onde pegava o ônibus dos universitários, mas agora já recebe a ajuda da prefeitura que lhe cedeu um mototaxi para lhe guiar até o ponto de ônibus.

Ao G1 Ceará o aposentado confirmou que até tinha vontade de estudar, mas precisava trabalhar na roça porque caso contrário os filhos morreriam de fome, já que não havia quem cuidasse do sustento da família. “Quando eu era jovem, eu não tive condição de estudar. Além de eu vir de família pobre, naquela época, não havia escola suficiente para que a gente pudesse estudar”, disse ao site.

Hoje, já sabendo ler e escrever, seu Antônio tem se esforçado para dedicar-se aos estudos do curso de direito, e ver cada vez mais perto aquele desejo que tinha na infância.