Série da Netflix ‘Todo Dia a Mesma Noite’ lembra 10 anos de tragédia na Boate Kiss com enredo chocante

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Série mostra o drama que Santa Maria até hoje vive pela tragédia com 242 mortos (Foto: Fernando Frazão Agência Brasil)

Ontem, dia 27 de janeiro de 2023, fizeram dez anos da tragédia que matou 242 pessoas e deixou outras cerca de 600 feridas, no trágico incêndio da Boate Kiss. Para relembrar a data numa espécie de tônica social que busca por justiça, a Netflix lançou, essa semana, Todo Dia a Mesma Noite, uma série que conta aquele dia que Santa Maria dificilmente vai conseguir esquecer.

E esquecer é justamente o que os roteiristas dizem não querer que aconteça. O drama que completou dez anos e que comoveu o país, até hoje não tem nenhum réu responsabilizado pela Justiça Brasileira. Júlia Rezende, diretora da série, disse que o principal objetivo não é meramente reproduzir a dor mas sim, jogar luz sobre o crime para que ele não seja tratado como tantos outros.

“Não queremos que essa história caia no esquecimento, então essa série é uma denúncia, uma forma de lembrar que essas famílias que buscam justiça há dez anos seguem sem uma resposta”, disse a diretora em entrevista à Folha de São Paulo.

O drama começou por volta de três horas da manhã do dia 27 de janeiro de 2013, quando o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, acendeu um objeto pirotécnico dentro da boate. A espuma do teto foi atingida por fagulhas e começou a queimar. A fumaça tóxica fazia as pessoas desmaiarem em segundos.

O local estava superlotado, não tinha equipamentos para combater o fogo, nem saídas de emergência suficientes. Algumas corriam para o banheiro e outras tentavam correr na direção da porta de entrada. Isso fez com que muitas pessoas morressem porque algumas acabaram sendo derrubadas.

Esse enredo catastrófico é contado em cinco episódios de 45 minutos cada. A série mostra as circunstâncias que levaram ao incêndio na Boate Kiss, a investigação policial sobre o caso e a incansável luta dos familiares das vítimas por justiça. Não é uma série sangrenta, com foco nos mortos, mas sim no simbolismo que ela conta, deixando qualquer um arrepiado. É chocante.

“Fomos muito cuidadosos na hora de decidir o que e como mostrar, então o som é essencial, bem como o foco da câmera. Quando estamos com um personagem, tudo ao redor fica desfocado, justamente para tornar aquilo tolerável.”, contou a diretora a Folha.

A riqueza de detalhes impressiona: desde os celulares tocando com as vítimas à atuação dos bombeiros, até o reconhecimento dos corpos e a visita de Dilma Rousseff, presidente na época, à cidade, os dois primeiros episódios de Todo Dia a Mesma Noite conquistam pela emoção.

O material de base para a composição da minissérie dita o tom de Todo Dia a Mesma Noite. Daniela Arbex, autora do livro base, foi consultora criativa da obra cinematográfica e garantiu que todo o seu trabalho de reportagem – feito ao longo de dois anos – fosse transposto para as telas.

O que impressiona na minissérie são as lembranças e os detalhes que, muitas vezes, foram esquecidos na última década. O roteiro se aprofunda em todas as etapas da busca por Justiça, relembrando o imaginário popular dos brasileiros sobre a forma como os crimes são resolvidos no país.