O governo do futuro presidente Lula escalou uma banabuiense para integrar mais um grupo técnico da equipe de transição. Ieda Nobre de Castro foi nomeada para atuar junto à equipe responsável pela área de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) do último dia 30 de novembro.
Ieda Castro foi indicada pela presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Luciana Barbosa. Ao todo 21 pessoas foram escaladas para compôr o grupo técnico de transição da área social. “Esse grupo é formado por voluntários com expertise na área. O papel é fornecer apoio técnico e podemos ser convocados a qualquer momento pelo governo federal eleito, pra analisar os dados e contribuir com o relatório final da transição”, disse Ieda, em conversa exclusiva com o Revista Central.
O trabalho nem sempre é presencial, mas o grupo deve ter pelo menos duas reuniões ainda em dezembro, para entregar os relatórios finais em janeiro, conforme ela antecipa ao RC.
História
Nascida em Banabuiú, Ieda Castro tem formação em serviço social pela Universidade Estadual do Ceará (Uece). É doutora em Política Social pela Universidade de Brasília (UnB), mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC), e especialista em Gestão e Planejamento de Políticas Públicas. Atualmente é presidente no Ceará do Colegiado Estadual de Gestores Municipais de Assistência Social (Coegemas).
A banabuiense teve a atenção da equipe de transição de Lula porque já trabalhou com a ex-ministra Tereza Campelo, em 2015, quando compôs a base governista da ex-presidente Dilma Roussef, sendo nomeada Secretária Nacional da Assistência Social. Tereza, auxiliada por Ieda, promoveu ações relevantes na pasta e pelo destaque as duas se tornaram a principal fonte de consulta da presidente Dilma, que sempre as ouvia na hora de traçar estratégias na área social.
Juntas, elas também assinaram vários artigos. Em 2020 em publicação no site do Partido dos Trabalhadores, questionaram o programa Criança Feliz, criado pelo governo de Michel Temer e continuado por Bolsonaro. “O desenho do Programa limita-se à contratação de um exército de ‘agentes sociais’, sem formação profissional especializada, a maioria com nível médio, constituindo-se de visitação estéreis, com orientações sobre estímulo e cuidados básicos, sem mecanismos para o atendimento às necessidades das crianças e das famílias”.
Em 2015, entrevista ao Portal Vermelho, Ieda criticou o uso da assistência social como uma espécie de rede de caridade. “Assistência Social não é filantropia é dever do estado. Nosso esforço é para evitar que essa população tenha acesso a alimentação não apenas pela vontade da iniciativa privada ou da ação de boas pessoas”.
Polêmicas na transição
Na última semana a senadora Simone Tebel, que lidera o grupo, junto de Tereza Campelo, deu declarações contundentes e usaram palavras como “descaso”, “irresponsabilidade” e “má-fé” para descrever o cenário encontrado na fase de transição no campo do desenvolvimenso social. Com o orçamento proposto por Bolsonaro em 2023 a Assistência Social tem verbas para funcionar por apenas 10 dias.
Para Ieda Castro a criação de benefícios em prol dos mais pobres, que sempre foi uma das principais críticas de grupos bolsonaristas a Lula por temerem a inflação, por exemplo, é um dos principais entraves encontrados. “Quando o governo atual mudou o Auxílio Emergencial para Auxílio Brasil ele induziu as pessoas a acumularem benefícios, então se criou um número grande de beneficiários que chamamos de família unipessoal, que é a família de um membro só”.
O sistema de cadastro do Auxílio Brasil não posui uma ferramenta para identificar se um mesmo CPF já tinha sido cadastrado no Auxílio Emergencial, “o que fez pessoas de uma mesma família receberem dois ou até três benefícios”, conforme Ieda explica. Não bastasse não ter recursos para manter os benefícios que prometeu, Bolsonaro “está obrigando os municípios a fazerem uma averiguação por meio de visitas, pra cortar benefícios de famílias que estejam acumulando os valores (mais de um beneficiário morando na mesma casa, por exemplo). Isso vai gerar uma demanda aos municípios, vai responsabilizar o município por isso”.
Outra dificuldade encontrada é que o GT não localizou nenhum contrato de cesta básica, o que pode dificultar a ação do futuro governo se precisar decretar Estado de Emergencia por causa das chuvas no início do ano na região Suldeste e Nordeste. “O Governo Federal está desprevinido para atender em situação de emergência”, pontua.
Força tarefa
Restando menos de um mês para que Lula volte a subir a rampa do Planalto, a principal função da equipe que Ieda Castro compõe é de alertar que problemas o petista vai encontrar quando assumir novamente o pais, na área que mais lhe ajudou a cativar seus fiéis eleitores: a da assistência social e o combate a fome. “É uma tarefa de análise dos problemas que ameaçam o governo Lula já no primeiro trimestre e que precisam de ações imediatas pra evitar que aconteçam mais dificuldades na operação da política de assistencia social”, afirma.