Os irmãos de dez e dois anos mandados pela mãe, sozinhos, para os estados do Ceará e de Pernambuco em um ônibus clandestino que saiu de São Paulo enfim puderam se reencontrar neste sábado (19), em Juazeiro do Norte. No último dia 10 de março, uma delas foi entregue a parentes no município cearense, e a outra foi deixada em Exu, interior de Pernambuco.
Uma tia do casal de irmãos não escondeu a insatisfação com a atitude da mãe de enviar os filhos em um ônibus que demorou três dias para chegar ao destino. “Como uma mãe tem um coração tão frio para fazer isso com uma criança de dez e outra de dois anos fazendo-os passar por uma situação tão constrangedora e dolorida dessa forma”, desabafou.
O garoto de 10 anos disse que, durante a viagem, a irmã, por ser pequena, chorava chamando pelo nome da mãe.
“Foram três dias de viagem e minha irmã só chorando, chamando o nome da minha mãe. O motorista parava para comprar comida, nós comia, minha mãe comprou comida também pra nós. Só eu e minha irmã. Cheguei aqui e meu avô não tava, fiquei chamando, chamando (sic)”, disse o garoto à TV Verdes Mares.
Em cidades diferentes, os familiares buscam a partir de agora tentar manter o contato contínuo entre as duas crianças. “A distância entre as duas cidades é pequena então a gente vai fazer de tudo para manter o contato deles dois para amenizar a dor que eles passaram”, declarou a tia.
Os irmãos estão sendo acompanhadas pelo Conselho Tutelar tanto da cidade de Juazeiro do Norte quanto do município de Exu, no interior pernambucano. Conforme o conselheiro tutelar em Exu, Wellington Moura, as crianças sofreram muitos danos durante a viagem de três dias.
“Foram vários danos sofridos durante a viagem. Os pés de uma das crianças estavam com a pele descascando a ponto de nem conseguir fixar os pés no chão corretamente. Além disso, tem os danos psicológicos porque é uma mudança de rotina. Uma hora a criança está com a mãe e daqui a pouco ela já se vê em outro estado morando com pessoas que elas não são acostumadas a ver”, afirmou.
Crianças só podem viajar acompanhadas dos pais ou de um responsável, ou por meio de uma autorização judicial. Um boletim de ocorrência foi registrado e a mãe poderá responder por abandono de incapaz.