Encefalite: entenda a infecção diagnosticada no Padre Eronildo e na cantora de forró Paulinha Abelha

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Padre Eronildo: encefalite no cérebro e internação em Fortaleza (Foto: Diocese de Quixadá)

Na última semana, fiéis de Quixadá e de todo o Sertão Central foram surpreendidos com a confirmação de que o administrador diocesano, Padre Eronildo, estava com seu quadro de saúde agravado em decorrência de uma encefalite. Rapidamente a notícia chamou a atenção de fieis pelo fato do problema diagnosticado no sacerdote, ser o mesmo encontrado na cantora de forró Paulinha Abelha, da banda Calcinha Preta, que morreu há pouco mais de uma semana.

Antes de qualquer coisa é importante destacar que Paulinha não morreu por conta da encefalite. A cantora teve o diagnóstico de encefalite nos seus primeiros dias em que foi internada, quando entrou em estado de coma. Mas de acordo com reportagem do programa Domingo Espetacular, da TV Record, foi uma combinação de substâncias que alteraram o funcionamento do fígado da cantora, que teriam provocado o agravamento do seu quadro clínico e levado à morte.

No último dia 18 de fevereiro Paulinha teve o diagnóstico de encefalite pela equipe médica de um hospital de Aracajú onde ela estava internada havia uma semana antes. ” Inicialmente a cantora apresentou um quadro de infecção renal e foi internada para fazer diálise, mas o problema se agravou, ela entrou em coma e os médicos ainda tentam descobrir o que provocou a encefalite” dizia a nota na época.

Na nota lançada pela Diocese de Quixadá na última semana, o colégio de consultores da Diocese de Quixadá confirmou em nota que Padre Eronildo “encontra-se com uma inflamação no cérebro (como uma encefalite”, e disse ainda que os médicos investigam o caso. Eronildo foi o padre escolhido para ocupar o cargo vacante deixado na Diocese de Quixadá pelo então bispo Dom Ângelo Pignolli. Ele deixou o cargo após completar 75 anos, tal como prevê o Código Canônico. Sua função é o de administrador diocesano, ou seja, responsável pelas decisões da Diocese até que o papa Francisco nomeie um novo bispo, o que não tem prazo determinado para acontecer.

O que é encefalite?

A encefalite por ser provocada por infecções de vírus, bactérias, fungos, parasitas e protozoários, que provocam doenças como sífilis, raiva, toxoplasmose, malária etc e, se não for tratada adequadamente é capaz de gerar lesões cerebrais e levar até a morte. Por isso, é fundamental ficar atento aos seus sintomas, fatores de risco e meios de tratamento.

Há dois tipos básicos: o primário e o secundário. O primário ocorre quando o vírus, bactéria ou outro agente invasor atinge diretamente o cérebro. Já a encefalite secundária normalmente acomete o paciente de duas a três semanas depois da infecção inicial, o que parece ser o caso da cantora, internada inicialmente com uma infecção renal.

A contaminação geralmente acontece quando alguém contaminado espirra ou tosse lançando perdigotos (veja na imagem) no ar e essas gotículas são inaladas pela outra pessoa. Mas pode também ser transmitida por picadas de mosquitos que transmitem Chikungunya e Zika, carrapatos ou outros insetos transmissores, no consumo de alimentos ou bebidas contaminadas e até no contato direto com a pele.

O vírus da herpes, por exemplo (falamos de um caso de Herpes no BBB22 aqui) é o principal causador de casos graves de encefalite em todas as faixas etárias, inclusive em recém-nascidos.

A boa notícia é que há vacinas contra muitos dos vírus que podem provocar a doença: Poliomielite, Caxumba, Rubéola, Sarampo, Varicela, Adenovírus, Citomegalovírus, Echovírus e outros. então, se ainda não o fez, corra para o osto de saúde mais perto de sua casa e vacine seu filho.

Como pode ser diagnosticado?

O diagnóstico da encefalite é feito pelo neurologista através da avaliação dos sintomas e de exames de sangue, urina e através do exame de punção lombar que permite analisar o líquido cefalorraquidiano para confirmar a inflamação no cérebro e detectar a causa da encefalite. Saiba como é feita a punção lombar.

Além disso, o médico pode ainda solicitar exames de imagem como ressonância magnética ou tomografia computadorizada para verificar se existe outra condição que possa estar causando os sintomas, como um tumor, por exemplo.

Outro exame que o médico pode solicitar é o eletroencefalograma para avaliar a atividade do cérebro. Em alguns casos, em que a pessoa tem piora dos sintomas ou já tenha iniciado o tratamento mas não apresenta melhora, o médico pode também solicitar uma biópsia do tecido cerebral para identificar a causa da encefalite.

Quais os sintomas?

Os sinais e sintomas vão depender da causa. Nas virais, os pacientes podem apresentar febre, mal estar, dor de cabeça intensa, convulsões e sinais focais (como boca torta, diminuição da força em um lado do corpo, dificuldade de falar).

Pode começar com confusão mental e evoluir para sonolência excessiva e estado comatoso. A evolução tende a ser rápida. Em alguns casos, a doença leva ao coma em poucas horas.

Em alguns casos, aparecem outros sintomas como: Desmaio, Confusão e agitação, Convulsões, Paralisia ou fraqueza muscular, Perda de memória, Rigidez do pescoço e costas, Extrema sensibilidade à luz.

Além disso, em bebês ou crianças podem surgir outros sintomas como formação de caroço na moleira, náuseas, vômitos, rigidez no corpo, dificuldade para amamentar, sonolência ou irritabilidade.

É importante consultar um neurologista ou pediatra logo que esses sintomas apareçam, ou procurar um pronto socorro mais próximo, de forma a ser feito o diagnóstico e iniciar o tratamento mais adequado.

Tem tratamento?

O tratamento é iniciado ajudando o organismo a combater a infecção e aliviar os sintomas. Por isso, repouso, alimentação e ingestão de líquidos é essencial para curar a doença.

As sequelas da encefalite são mais comuns quando o tratamento não é iniciado rapidamente ocorrem porque a inflamação cerebral pode causar lesões no cérebro, que podem melhorar em alguns meses ou ser permanentes.

As principais sequelas da encefalite são: Cansaço excessivo persistente, Fraqueza ou falta de coordenação muscular, Mudanças de personalidade, Problemas de memória e aprendizagem, Paralisia muscular, Dificuldades na fala e audição, Alterações visuais e Epilepsia, além disso, nos casos graves de encefalite ou que não melhoram com o tratamento, as lesões cerebrais podem causar coma (como no caso da cantora) e colocar a vida em risco.