Novo diretor da Maternidade de Quixadá, Kaléu Mormino, promete gestão com visão descentralizada

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O novo diretor da maternidade de Quixadá, Kaléu Mormino: “Crescer dói, mas o resultado final é maravilhoso e reconfortante.”

Quixadá: “Leva pra maternidade”. É comum até hoje, escutar essa frase dita por médicos, enfermeiros e especialistas das mais diferentes áreas, em casos ariscos, difíceis de resolver nos hospitais de pequeno porte da Região Central. A transferência de pacientes de qualquer cidade para o Hospital Maternidade Jesus Maria José-HMJMJ, em Quixadá, tornou o atendimento naquele equipamento uma referência. E 2022 deve ser de mudanças na unidade, através de uma nova gestão que promete modernizar o serviço e ampliar seu acesso.

Esse resultado está sendo previsto graças a chegada de um jovem de apenas 31 anos. Sentado na cadeira mais importante e estratégica da instituição hospitalar, está Kaléu Mormino Otoni, um farmacêutico, palestrante e docente. No currículo, uma infinidade de experiência, passagens por diversas importantes empresas e instituições, graduação em Farmácia e um mestrado em curso. Na mente, uma proposta ousada: dar uma outra cara à Maternidade.

Natural de São Paulo capital, mora no Ceará há alguns anos. É Farmacêutico Oncologista, pós-graduado em farmácia hospitalar oncológica pelo AC Camargo Câncer Center/SP e possui MBA Gestão em Saúde pela Universidade de São Paulo (USP), além de estar concluindo Mestrado em Saúde da Mulher e da Criança pelo Universidade Federal do Ceará (UFC).

Kaleu apresenta as novas instalações da UTI e leitos de enfermaria à secretária de saúde, Lady Mota (Foto: Márcio Guedes)

Kaleu atua na área da saúde há mais de 16 anos passando por diversos hospitais e serviços de saúde reconhecidos a nível nacional e internacional. É autor de livros em uma das maiores editoras científicas do mundo, a Nature. Também é membro da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia (SOBRAFO) atuando em sua comissão de educação. Desde outubro do ano passado ele aterrissou na Maternidade e foi escolhido pela Rede Católica por ter um perfil que cabe dentro da estratégia organizacional do grupo.

Sua chegada causou enorme surpresa interna a externamente. Rosiley Lopes Saraiva foi reconhecida pelo rigor de sua gestão, era tida como braço direito do então bispo Dom Ângelo. Avessa à imprensa, fez uma gestão onde pouco se viu sobre a Maternidade, apesar de sua relevância e notoriedade. O equipamento falava por si, os que lá estavam, silenciavam. Os novos tempos na saúde pedem uma nova gestão. É assim na economia, nos negócios e na saúde. Gerir vidas é um trabalho que requer habilidade e onde não há espaço para desequilíbrios.

Kaléu Mormino concedeu uma entrevista exclusiva ao Revista Central. A princípio, o site tinha como proposta de pauta, falar sobre sua chegada e explicar como a Maternidade deve andar com as “próprias pernas” daqui em diante. Mas dado o rico teor de suas respostas, resolvemos publicá-las na íntegra, em formato que o jornalismo classifica como “entrevista pingue-pongue”, uma espécie de bate e volta: para cada pergunta, a resposta vem a seguir.

Confira.

RC: A Maternidade é considerada pela cultura popular e seu histórico de serviço, como o mais tradicional e mais importante equipamento de saúde, tanto para os quixadaenses, como para moradores do Sertão Central. Como você acha que sua atuação, vai aprimorar o propósito e a missão do equipamento?

Kaléu: O mais valioso recurso de uma organização são as pessoas, tanto as que atuam profissionalmente quanto as que são atendidas pelo serviço, investir em treinamentos, lideranças e protocolos são ferramentas essenciais para fazer com que um equipamento de saúde seja mais eficiente. “Crescer dói” sempre digo isso, mas o resultado final é maravilhoso e reconfortante.

Em menos de 3 meses na direção já tivemos mais de 170 horas de treinamentos para a equipe multiprofissional, aumento do quadro assistencial, além de pleitearmos a abertura de outros serviços como UTI Adulto, Clínica Médica, emergência pediátrica etc. Pretendemos continuar avançando nessas evoluções consolidando cada dia mais o HMJMJ como serviço de saúde referência na região.

RC: Como pretende pautar seu trabalho? O que vai buscar inovar, mudar, alterar? O que pretende fazer de novo?

Kaléu: Quando eu comecei a trabalhar com 14 anos com meu pai, ele me disse uma coisa que levo até hoje comigo, “sempre há um trabalho a ser feito, quando achar que não tem procure”. Levando esses valores com ética, honestidade, estratégia e sustentabilidade, pretendo inovar no atendimento resgatando os valores cristãos e amorosos da instituição com práticas modernas, disruptivas e audaciosas buscando sempre avançar nos serviços ofertados à população que necessita do SUS e para a população que possui convênios médicos através do refinamento dos atendimentos já disponíveis e com a disponibilização de novos serviços como UTI Adulto Geral, exames de análises clínicas e atendimento mais humanizado. Quero inserir o HMJMJ no cenário nacional.

RC: Os antigos diretores da Maternidade eram considerados fechados, com um modus operandi arcaico, se fechando para a modernidade e o público. Você é jovem, tem conhecimento técnico e propriedade. Como acredita que esses pilares vão dar um novo ar a maternidade?

Kaléu: Acredito muito que a “estabilidade não existe”, ou você está subindo ou você está caindo, por isso, durante minha carreira sempre busquei ser disruptivo e competitivo comigo mesmo para sempre estar aprendendo algo novo, isso me fez avançar relativamente rápido na carreira e não será diferente agora. As práticas atuais e modernas dos mais renomados centros de saúde onde tive o privilégio de atuar por anos como farmacêutico oncologista me ajudam muito a trazer inovações e novos padrões de trabalho a equipe do hospital.

Nosso modo de trabalho é descentralizado, com decisões tomadas em conjunto, em colegiado com a Rede Católica e inspirados por Deus, isso ajuda muito em sermos mais assertivos como Rede e consequentemente os resultados acabam acontecendo mais rapidamente. Gosto de sentir o serviço, andar pelo hospital, almoçar na copa com os funcionários porque acredito que uma gestão mais próxima das pessoas está mais próxima de resolver os problemas de modo mais humanizado. Gestão é gostar de gente, de pessoas, portanto, me fechar para meu time e para a sociedade não faz parte da minha personalidade.

RC:  Quais as metas que você estabelece a curto, médio e longo prazo? E no que pretende inovar em termos de serviço? 

Kaléu: A curto prazo, melhorar os processos internos e potencializar a sustentabilidade, além de trabalhar bastante em treinamentos para as equipes. Médio prazo trazer inovações e outros equipamentos de ponta para serem utilizados pelos profissionais, pretendo preparar os profissionais para trabalharem em qualquer centro de saúde do país e a longo prazo ter  outros pontos com o mesmo padrão de qualidade do HMJMJ em outros locais estendendo ainda mais nosso atendimento. Uso sempre a seguinte frase “Sonhar grande e sonhar pequeno gasta a mesma energia, então é melhor sonhar grande”.

Em termos de serviços, pretendemos trazer inovações de práticas assistências para as duas UTIs que temos, tanto a Neonatal quanto a Adulto, implantar a prática de farmácia clínica e uma super novidade que será inaugurada em março para atender a toda população, com padrão de excelência técnica, infraestrutura de alto nível e atendimento diferenciado, aguardem.