Região Central: A matéria intitulada “MPCE investiga violência obstétrica na Maternidade Jesus Maria José e envia recomendação” ganhou grande repercussão social, o que encorajou dezenas de mulheres a deixarem relatos nas páginas deste veículo de imprensa. Os casos narrados são dignos de uma ampla investigação do órgão ministerial.
A 3ª Promotoria de Justiça de Quixadá enviou recomendação ao Hospital Maternidade Jesus Maria José e ao Município de Quixadá após uma mulher denunciar atos que, segundo o MPCE não são compatíveis com a Lei Estadual 16.837 de 17 de janeiro de 2019.
A mulher que teve o nome preservado pelo RC fez um historico de violência obstétrica que teria sofrido no interior da instituição filantrópica. No facebook pelo menos 49 pessoas deixaram manifestação.
Os relatos narrados são preocupantes e requerer medidas urgentes para que outras mulheres não tenham a mesma infelicidade. A seguir, o RC destaca alguns depoimentos estarrecedores deixados por mulheres.
Confira os principais depoimentos – os nomes foram ocultados, mas estão na página do facebook do RC, narrados livremente pelas mulheres:
R.N., 28 anos – “Já passei por coisa terrível nessa maternidade”.
A.N., 30 anos – “Ano passado eu passei momento muito ruim, fizeram meu parto, pontuaram sem fazer limpeza quando cheguei em casa tive que voltar com infecção. Quando eu voltei era o mesmo médico que fez, ele olhou e disse isto é normal. Passei 12 dias lá internada, minha sorte foi o doutor Mesquita que veio cuidar de mim, hoje estou viva primeiramente Deus e depois o doutor Mesquita”.
D.B., 39 anos – “Há seis anos tive um filho na Maternidade Jesus Maria José, fiquei 6 dias internada na casa da gestante, com três dias comecei a perder líquido e me levaram pra dentro da Maternidade onde fiquei com uns 5 dias internada. Fiquei com as pernas pra cima horas. Eu gritava muito, a Dra. (censurado) olhou para mim disse que eu era muita escandalosa. Minha recuperação foi muito difícil”.
V.Q., sem idade no facebook- “Infelizmente a maternidade daqui de Quixadá trata por cara ou por conta bancária. Sabemos que toda gestante tem direito a ter acompanhante durante todo o trabalho de parto e na hora do próprio parto, mas deixa a gente lá feito animal. Não pode falar, não pode expressar seu sentimento porque se você gritar é fresca, escandalosa. Quando tive meu filho fiquei mais de 30 minutos exposta esperando alguém vim concluir meu parto, um verdadeiro descaso, infelizmente”.
A.M., – 24 anos – “No meu parto simplesmente fiquei com falta de ar e o anestesista fez de conta q não estava vendo eu falava, ele olhava e nada fazia. Acabei desmaiando retornei na mesma hora com oxigênio. Quando meu filho nasceu eu não conseguia virar o rosto para vê-lo, lembro que o médico falou assim: (seu BB nasceu, virar para ver ele, ah ela não quer ver não, leva logo).”
V.L.M., sem idade – “Há seis anos sofri muito aí por causa do médico (censurado) quando eu estava quase morta, eles fizeram um cesáreo. Passei uma hora esperando um anestesista e os enfermeiros dizendo que o anestesista estava no Facebook e eu morrendo em cima da maca. meu filho nasceu com paralisia cerebral por que passou da hora de nascer”.
I.A.R., 26 anos – “Tenho traumas daí, minha primeira filha passou da hora de nascer sendo que o médico que me acompanhou desde o início da gravidez falou que seria cesáreo. Fui transferida pra Maternidade em Quixadá passei horas na sala de parto com muitas dores, sangrando muito. Minha filha nasceu não chorou e toda roxa. Sem falar que tive às 15:00 no parto induzindo, fui cortada para poder a bebê passar e só fui ponteada às 18:00, fique horas esperando alguém pra me pontuar. Um médico muito ignorante. Foi muito doloroso”.
B.M., 53 anos – “Tiro o chapéu para essa mãe, alguns tempos atrás também sofri muito na Maternidade, com sete meses de gestação perdi bastante líquido e fiquei internado. O médico falou que a criança estava morta na minha barriga, onde não estava. Só Deus e nossa senhora tiveram misericórdia de mim.”
V.H.A., sem idade – “Há 1 ano nessa Maternidade minha filha nasceu morta por negligência médica”.
B.T., 33 anos – “Há quase 4 anos tive meu filho lá, passou do tempo de nascer fui para a UTI, o médico e o anestesista ignorantes. Falei que estava sentindo falta de ar e ele falou abusado comigo. Não deram satisfação do meu filho”.
L.F., 25 anos– “Tive minha filha lá, e não deixaram meu esposo me acompanhar no parto. Fiquei sem nenhum apoio, fora as ignorâncias daquelas parteiras e técnicas. E, é porque foi pelo plano de saúde, algumas técnicas e enfermeiras(o) são atenciosas, mas são poucas. Você que vai ter seu parto lá tem que rezar muito para pegar uma equipe boa!”
W.A.L., sem idade – “Há alguns anos sofri agressão obstétrica, quase morri. Que bom que essa teve coragem de falar, muitas se calam como eu”.
M.L., sem idade -“Eu tive minha bebê há 4 anos, fui muito bem assistida a única queixa foi o anestesista que por incrível que pareça não lembro o nome do abençoado. Falou coisas horríveis comigo e olhe que eu paguei. Já o médico que fez meu parto foi um verdadeiro anjo, as técnicas e as enfermeiras maravilhosas”.
N.V, sem idade – “Passei por uma situação difícil com um anestesista. Ele discutindo com uma enfermeira por causa de um monitor. Na hora de inserir a anestesia colocou de uma vez o líquido todo na minha veia, senti um choque tão forte no corpo que subi da maca. Aí apaguei.”
O Hospital Maternidade Jesus Maria José ainda não se pronunciou sobre a recomendação do Ministério Público Estadual, bem como dos relatos nas redes sociais. O espaço é garantido no Revista Central.
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