Uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Eleitoral, cuja investigação aponta captação ilícita de sufrágio (votos em eleição), por parte da vereadora Enfermeira Kerla (MDB), ex-secretária de saúde de Madalena, no sertão central cearense, foi julgada procedente pela justiça eleitoral na primeira instância, através da 63ª ZE de Boa Viagem.
Segundo a investigação, a vereadora é suspeita de praticar atos consistentes para captação ilícita de votos, ocorrida na véspera das eleições municipais de 2020. Na ação, o MPE alega que houve “a apreensão em flagrante de robusto material de propaganda eleitoral [da candidata Enfermeira Kerla], uma relação com identificação de eleitores e bens a serem doados (medicamentos), que denotam claramente a captação ilícita de sufrágio”.
A peça de acusação indica que os policiais militares visualizaram um carro conduzido pela então candidata, Kerla Cavalcante de Almeida, às vésperas do pleito em 2020, e durante a abordagem foi localizada uma quantidade razoável de medicamentos, além de uma listagem com nomes de pessoas do município de Madalena que seriam prováveis eleitores da hoje vereadora eleita. Em seguida, Kerla Cavalcante foi conduzida para a Delegacia Regional de Canindé, onde foram adotados os procedimentos cabíveis.
Conforme apontado pelo Ministério Público, os medicamentos encontrados no veículo de Kerla eram diversos e indianos para tratamentos de enfermidades diferentes. Ainda segundo o MP, os remédios estavam armazenados em uma caixa com vários santinhos.
O juiz eleitoral Carlos Henrique Neves Gondim determinou o pagamento de uma multa no valor de aproximadamente R$ 93.600,00 mil reais. Foi julgado procedente a inelegibilidade de Kerla para as eleições durante os próximos oito anos subsequentes à eleição de 2020 e ficou determinada também a cassação do diploma de vereadora.
A vereadora Enfermeira Kerla se manifestou após a decisão e afirmou que vai recorrer da decisão nas próximas instâncias da Justiça. Leia a nota:
“Com espanto, tomei conhecimento superficial acerca de decisão judicial que me condenou pela suposta prática de compra de votos mediante distribuição de remédios.Informo inicialmente, que respeito as decisões do Poder Judiciário, porém, como me é de direito, discordo plenamente quanto à conclusão adotada pela primeira instância, em especial pelo fato de que não houve nenhuma denúncia e muito menos qualquer comprovação do cometimento desse fato. Iremos usar de todos os recursos cabíveis para comprovar a regularidade de nossa campanha eleitoral, na medida em que sigo tranquila com a decisão e também peço tranquilidade àqueles que torcem pelo meu trabalho. Continuo vereadora de Madalena, trabalhando diariamente, principalmente na área da saúde, em prol da população. Sigo aguardando com tranquilidade as decisões das próximas instâncias”.