Quixadá: Em geral, o sertanejo não tem feito questão de esconder a insatisfação com as chuvas deste ano. Para quem vive do que colhe a partir do que planta, a chuva é importante. E para essa gente, a chuva esse ano está pouca, numa quantidade bem inferior ao ano passado. Mas na ponta do lápis, os dados pluviométricos podem mostrar que isso pode ser apenas um equívoco.
Na cidade de Quixadá, nas duas primeiras semanas de abril deste ano, já choveu quase 80% de tudo o que choveu no mês de abril do ano passado. Os cálculos podem ser feitos a partir dos números fornecidos pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O quantitativo representa um volume bem expressivo, frente à constatação popular de que o inverno está ruim.
A Funceme utiliza os dados de chuvas das últimas três décadas para formular um dado que ela chama de média histórica, ou seja, a média em índices percentuais de quanto costuma chover naqueles mês todos os anos. A médica histórica de abril em Quixadá é de 177 mm, um dos mais altos volumes esperados para o período para um município do Sertão Central.
Na maioria dos últimos anos, essa média não foi alcançada. Por isso Quixadá sempre costuma concentrar uma média chuvosa abaixo do que é esperado para o mês de abril anualmente. Porem, se utilizado para fins comparativos aquilo que efetivamente choveu, e não o que era esperado, pode-se chegar a um dado otimista.
Dos 177 mm aguardados para abril, no ano passado choveu 94.3 mm. Até a noite de ontem, quando o texto desta reportagem foi fechado, Quixadá já acumulava 72 mm. Pode parecer pouco, mas um cálculo mais detalhista mostra que, em apenas 15 dias, choveu quase 80% do tudo o que choveu no ano passado em todo o mês.
Essas informações podem mostrar que tecnicamente, as chuvas nem estão tão ruins assim. Claro que elas podem ainda não serem suficientes para demandar todas as necessidades dos moradores da região. No entanto, não se pode negar que há uma informação otimista aí.
Neste ano de 2021 a Funceme informou que a quantidade de chuvas esperadas devem ficar abaixo da média histórica em todo o inverno. E não tem sido difícil de notar: os dias de chuva são menores do que os dias em que não chove. Fenômenos meteorológicos estaria interferindo na atuação de meios que possibilitam a chuva nesta época nesta região. Mas o quixadaense não está na pior das situações. O problema é que para surtir efeito, a água, por menor que seja a sua quantidade, deve ser bem utilizada para que não venha a faltar.