Quixeramobim: essa cidade, situada na região do Sertão central, vive uma situação curiosa: a cidade atravessa aquele que, até aqui, se caracteriza como o seu pior momento no enfrentamento à pandemia do coronavírus. Mas se há alguma dificuldade que o município enfrenta, os números mostram que ela pode ser qualquer outra, menos a financeira.
Conforme uma análise do Portal Revista Central, considerando desta terça-feira (4) até o dia primeiro de abril, data em que muitas cidades começaram a realizações ações mais pontuais de combate à Covid-19, o município recebeu apenas de transferências do Fundo Nacional de Saúde e da União para custeio de ações específicas durante a pandemia, o valor total de R$ 2.213.434,51.
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Esses valores não incluem a soma das transferências realizadas pelo Fundo Nacional da Assistência Social, que também enviou aos municípios brasileiros quantias pomposas para a manutenção de trabalhos durante a pandemia, com foco em usuários dos serviços da assistência e famílias em situação de vulnerabilidade. As verbas deste Fundo específico totalizam mais R$ 806.850,36. Juntos, os valores contados de Abril até esta terça (4), tanto do Fundo da Saúde como o da Assistência destinado ao município, totalizam o montante de R$ 3.020.284,87.
O valor, faz bem lembrar, se dá apenas para ações que visam garantir a saúde da população durante a pandemia, e não incluem as tradicionais transferências da União feita aos caixas das prefeituras, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), e o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O detalhamento das verbas estão disponíveis para livre acesso de qualquer cidadão no portal da transparência da prefeitura. Com atenção dá para ver até que enquanto muitas cidades brasileiras estão à míngua no período de pandemia, no caixa da gestão do prefeito Clébio Pavone tem dinheiro de sobra, literalmente.
O Portal da Transparência mostra que até a data de fechamento desta matéria, apenas pouco mais de meio milhão de reais foram investidos em ações de combate à pandemia na terra de Antônio Conselheiro. No total foram R$ 555.164,30 dos mais de R$ 3 milhões disponíveis, gerando uma reserva de R$ 2.465.120,57.
Em graves casos de saúde pública como este que vivemos agora, ocasionado pelo Covid-19, ter dinheiro facilita a sobreviver um período difícil. Verbas extraorçamentárias disponíveis em caixa permites que governos e estados financiem gestões de saúde mais enérgicas e uma ação mais contundente de enfrentamento às epidemias e pandemias, como mostra a história. É o que tem a disposição Quixeramobim e o prefeito Clébio Pavone, mas os valores ou não estão sendo investidos, ou estão, porem, de forma errada.
Autoridades em saúde de diversos centros de pesquisa, órgãos e governos, são taxativas: todas as cidades passarão pelo seu pico de coronavírus, não há quem atravesse este período de forma imune. Por outro lado, em situações com reservas financeiras, estados conseguiram mais rapidamente reverter esse cenário, como foi o caso do Ceará. Figurando até pouco tempo como o terceiro estado do País que mais registravam casos positivos, a gestão financeira do governador Camilo Santana foi, na opinião de especialistas, crucial numa reversão deste quadro em tempo recorde, prova disso é que a capital está, há cerca de duas semanas, entre as menos de 10 do País que registram queda no número de mortos e confirmados.
Enquanto isso o alarde provocado na cidade à medida em que a notícia de cada morte se espalha, e a onda de medo provocada sempre no fim da tarde, quando a Secretaria de Saúde divulga os números oficiais das últimas 24 horas, só aumenta. De segunda-feira última (3) para esta terça (4) foram mais duas novas mortes, fazendo chegar agora aos 60 mortos pela doença. O número de confirmados está em 1.463. Já são cinco mortes nos quatro primeiros dias do mês de agosto.
Leia amanhã: Como a gestão das mídias sociais do prefeito Clébio Pavone encara a pandemia e como a ausência de transparência nas informações aumenta a onda de medo na cidade.