Maio tem 22 óbitos por coronavírus em Quixadá e cidade vive dilema de vida ou morte

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Quixadá já contabiliza 23 mortes por Coronavírus

Quixadá: Para muitos, um mês que representa glórias: maio marca entre os católicos o início das aparições de Nossa Senhora de Fátima e por isso é considerado o mês mariano, sentimento que se acentua em Quixadá, terra onde a fé é reforçada por símbolos cristãos tradicionais como o santuário. Mas para quem enfrenta e acompanha o avanço do coronavírus, Quixadá se revelou um mês atípico e repleto de tragédias: o quinto mês de 2020 foi o que registrou o maior número de mortes por coronavírus, e a última semana foi a que concentrou o maior número de óbitos.

Os dados foram levantados pela reportagem do Portal Revista Central, com base nas informações disponibilizadas pela Secretaria de Saúde da Prefeitura de Quixadá. O cálculo considerou as mortes por Covid-19 registradas entre o dia 30 de abril (data do primeiro registro) até 28 de maio (data do último óbito registrado até o fechamento desta reportagem). No total, o município já atinge a desagradável marca de 23 falecimentos de pessoas que se contaminaram com o coronavírus. O último caso foi computado pela Prefeitura no boletim da última quinta-feira (28).

Unidade de referência para Covid-19 Quixadá (Foto: divulgação/prefeitura de Quixadá)

Conforme os dados, na primeira semana compreendida entre 30 de abril a 7 de maio, Quixadá registrou um óbito. Uma semana depois, entre os dias 7 a 14 de maio, o númetro triplicou e chegou a três. Na semana seguinte, considerada entre os dias 14 a 21 de maio, o total de óbitos mais que triplicou, passando de três para 10, foram sete novas mortes em uma fração de apenas sete dias. Na ponta do lápis, era como se uma pessoa morrese a cada 24 horas.

Mas a situação foi bem pior, as autoridades em saúde de Quixadá tiveram um susto com uma situação que ainda não tinha ocorrido: de quinta (14) para sexta (15), três mortes aconteceram, e mais outras duas no sábado (16), também 24 horas depois. Somente naquele final de semana, foram cinco óbitos. Na segunda (18) uma nova morte foi registrada e mais outra um dia depois, na quarta (20), fazendo a semana do dia 14 a 21 terminar com 10 mortes.

Os números vieram à tona e forçaram o prefeito de Quixadá, Ilário Marques, junto com a secretária de saúde, Juliana Câmara, darem uma explicação nas redes sociais. Eles elencaram estratégias e ações que estavam sendo desenvolvidas mas, justamente na semana seguinte à explicação, Quixadá viu os números crescerem avassaladoramente, deixando a população perplexa. Do dia 21 a 28, na última semana com dias útil do mês de maio, Quixadá registrou 13 novas mortes. Exceto na segunda-feira (25) não houve registros de óbitos, em todos os outros dias do período, ocorreram falcimentos do coronavírus.

Secretária de saúde, Juliana Câmara, e prefeito Ilário Marques em transmissão no dia 19 nas redes sociais para dar esclarecimentos; três dias após, os números subiram (Foto: reprodução)

E não foram poucos: eram sempre em intervalos de duas ou três mortes. Na sexta (22) foram três óbitos. No sábado (23), mais dois. No domingo (24) outras três novas mortes. Na terça-feira (26) tiveram duas, mesmo número registrado na quarta-feira (27). E na quinta-feira (28) última, uma única morte foi registrada. O triste contador de óbitos marcou 23 vidas ceifadas, 13 em apenas sete dias.

É preciso ser justo e lembrar que há em discussão um caso em que a Secretaria de Saúde do Estado possa ter cometido um erro: uma pessoa homônima de oturo município morreu e o óbito caiu na conta de Quixadá, justamente porque uma pessa daqui, possuia o mesmo nome no RG. Foi um erro de duplicidade, segundo a prefeitura. Por isso, no site, há um aviso: “Dos 03 óbitos em investigação, 01 foi confirmado, 01 foi descartado e 01 continua aguardando resultado laboratorial”.

Mas independente disso, se tem alguma coisa sendo feita em Quixadá, os números das mortes colocam esse trabalho em cheque: talvez, seja necessário fazer mais, agir mais forte, com mais rigor. A cidade é o centro do Sertão Central, abriga grandes empresas, universidades, centros de negócios e é um grande polo econômico, razões que justificam o vai e vem de pessoas de outras cidades. Números assim não só assustam a saúde das pessoas, mas estremecem a economia, a educação e o desenvolvimento. Não se trata de desconsiderar o que vem sendo feito, mas os números estão aí, em cima da mesa mostrando que tem uma luz vermelha acessa e que é preciso fazer mais. Quixada tornou-se, literalmente, um caso de vida ou morte.