Secretário de Segurança do Ceará não esclarece ação da polícia em Milagres

compartilhar no:
André Costa deu entrevista ao Fantástico — Foto: Thiago Gadelha/ Agência Diário

Em entrevista exclusiva ao Fantástico neste domingo (9), o secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, se eximiu de fazer qualquer juízo de valor sobre a ação da polícia na cidade de Milagres, interior do Ceará. Na última sexta-feira (7), um grupo de criminosos armados e com reféns tentou assaltar duas agências bancárias da cidade localizada na Região do Cariri do Ceará. Houve intensa troca de tiros e 14 pessoas morreram. Das 14 vítimas, seis foram identificadas como reféns e oito como criminosos.

“A gente precisa aguardar a dinâmica e a apuração do que aconteceu realmente. É uma investigação isenta, imparcial, séria, técnica. Então, é feita pela Polícia Civil essa investigação. E também sempre com suporte fundamental, e o trabalho técnico e científico da Pefoce. O exame de local de crime, o exame de imagens do que tem na cidade. A gente precisa aguardar a conclusão dessas imagens e das investigações para emitir algum juízo de valor”, afirmou.

André Costa não antecipou se houve erro na operação e não deu qualquer detalhe sobre o plano de ação da polícia naquela madrugada de sexta.

“São informações bastante estratégicas de como a polícia atua, de como a polícia planeja suas ações táticas, operacionais. É importante a gente preservar esses dados como reservados até contra medidas por parte de bandidos em outras ações”, comentou.

“A dinâmica do fato ainda não está bem estabelecida. Isso tudo é objeto de investigação. A investigação está sendo conduzida por alguns delegados, com suporte. Não apenas delegado da cidade. Inclusive a Delegacia Especializada de Roubos e Furtos está dando esse suporte. A gente precisa aguardar a investigação e o trabalho pericial para tirar alguma conclusão sobre a conduta que foi realizada”, completou.

Sobre os reféns

Segundo André Costa, a investigação tramita em Sergipe e é feita pela Polícia Civil do estado. Ele não teria autorização para repassar dados sobre a investigação que é conduzida por aquele estado. Ele também afirmou que nenhuma informação foi repassada sobre reféns.

“Nada foi repassado em relação a reféns. Nas informações da investigação que vieram de Sergipe, nada foi tratado acerca da existência de reféns”, enfatizou.

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) abriu investigação preliminar para apurar o ocorrido. Até o momento, segundo o governador Camilo Santana, oito suspeitos já foram presos em flagrante e 24 pessoas foram ouvidas. As armas dos suspeitos e dos policiais envolvidos na ação foram recolhidas pela Polícia Civil para serem periciadas, informou o governador. André Costa comentou sobre o antecedente dos criminosos.

“Detalhes da ação específica também têm de ser preservados, por ora, sigilo da investigação em Sergipe. O que a gente pode antecipar é que boa parte desses criminosos que foram presos e mortos já identificados são pessoas já com diversos antecedentes criminais, inclusive por outros roubos, por tráfico e outros crimes. São pessoas já dadas à prática criminosa. Então, o que a gente pode repassar sobre o caso específico e sobre essas pessoas é isso. Inclusive, o envolvimento deles em outros roubos a banco, na Bahia, Sergipe. Já eram pessoas que já praticavam reiteradamente esse tipo de crime. Por isso, vinham sendo investigadas há cerca de três, quatro meses pela Polícia Civil de Sergipe”, disse.

Neste domingo, o governador do Ceará, Camilo Santana, anunciou por uma rede social, a criação de um grupo especial de investigação sobre a operação policial que resultou na morte de 14 pessoas. Além disso, na página oficial do Facebook, o chefe do executivo estadual enfatizou que a operação será rigorosa e isenta. Ao Fantástico, o secretário André Costa disse que nenhum tipo de assistência ainda foi prestada às famílias das vítimas e que isso será feito nesta semana.

“A gente lamenta o ocorrido. Eu mesmo já tive pessoas muito próximas a mim vitimadas pela violência. O estado do Ceará tem uma Coordenadoria de Direitos Humanos vinculada diretamente ao gabinete do governador. Essa coordenadoria vai entrar em contato com as famílias e prestar todo e qualquer suporte que seja necessário. O que a gente pode dizer é que a gente lamenta bastante. Sentimos muito por essas perdas. Pessoas inocentes. Não teve (assistência). Essa semana, a coordenadoria vai entrar em contato com famílias”, enfatizou.

Conteúdo: G1 CE