O boom das redes sociais trouxe à tona uma série de atitudes que nos chocam. O caso mais recente trata-se da morte de Dona Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula. Como podemos conceber que alguém, num instante de grande tristeza como este, manifestar certa comemoração?! Alegria sádica, própria de quem já perdeu a capacidade de discernimento. De quem já se perdeu.
Seria possível citar aqui muitos outros episódios que confirmam as afirmações anteriores.
Nunca houve tantas possibilidades para dialogar, colaborar e trocar ideias. Ganhamos espaço de excelência para militar pelas causas mais nobres, para mobilizar as melhores mentes e ideias, mas nos perdemos pelo ódio, pela intolerância e por um tipo de ativismo irracional que jogou fora as ferramentas da inteligência. De forma passional provoca ira e tenta destruir pessoas e reputações.
Há guerra de palavras, em que todos atiram pedras e ambos saem feridos.
Paira sobre nós uma névoa de insanidade. Estamos cegos. José Saramago foi profético no seu belo livro “Ensaio sobre a Cegueira”. A consequência da cegueira é a barbárie. No livro citado, quando acometidos pelo mal da cegueira aflorava o lado mais sombrio das pessoas. Agora, presenciamos o mesmo.
É urgente abrir os olhos, recuperar a sanidade, usar a prudência e a inteligência, mas acima de tudo, recuperar valores básicos para todas as sociedades: SOLIDARIEDADE e RESPEITO.
Quando vi o abraço de Fernando Henrique em Lula, senti esperança de que isto seja possível.
Recuperando a passagem bíblica, quando Jesus pergunta ao cego, “o que desejas?” e ele responde, “que eu veja, Senhor!”.
Que nós vejamos! Que consigamos recuperar a lucidez.
Ainda dá tempo. Ainda é possível.
Cícero Bandeira L. Filho
Professor do Município de Quixadá