Hoje, aos 90 anos, Tuzinha afirma que professor é a atividade mais completa, é um dom, e uma vocação.
Na calma e poética Canindé dos anos 30, sob o olhar cheio de ternura dos pais, crianças brincavam desfrutando daquela infância gostosa e saudável. Enquanto os meninos se encantavam com carrinhos de lata, cavalgavam em cavalinhos de pau, jogavam bila, chutavam bolas de meia, as meninas pulavam elástico, corda, amarelinha e outras brincadeiras. Mas, uma linda criança, morena e pele luminosa, gastava seus verdes anos, se fazendo passar por professora, o seu sonho mais lindo. Maria Guedes Barroso aprendeu as primeiras letras com a sua mãe Maria Anízia, a quem chamava, carinhosamente, mãezinha do coração.
Aprendeu toda a “Carta do ABC” com a dedicada mãe. Dizia que, ao ficar gente grande, seria encantada por uma bruxa boa e viraria professora. Elas parecem uns anjos bons da terra, é tão bonito o seu trabalho. Estava mesmo escrito nas estrelas que, ao crescer, Maria Guedes exerceria esta profissão que envolve um amor sem limites, sacrifício e responsabilidade. Hoje, aos 90 anos, educadora aposentada, Tuzinha (forma carinhosa como é tratada pelos amigos), afirma, com os olhos brilhando, que professor é a atividade mais completa, é um dom, uma vocação, é ser herói, uma guerreira, uma deusa.
Transformamos a vida de muita gente e, ainda hoje, ex-alunos vem a minha casa para me abraçar e agradecer. Ensinar é amar e iluminar o caminho de muitos jovens, diz com a voz embargada pela emoção.
Quando atingiu 12 anos, a família veio morar na Terra dos Monólitos que, naqueles anos, já apresentava possibilidades maiores para a educação de crianças e adolescentes. Estudou no Grupo Escolar de Quixadá (depois José Jucá), onde se destacou pela dedicação, respeito aos mestres e amizade com as colegas de turma. Lembra, com ternura e saudade, das professoras Dulce Ferreira, Lucrécia Viana, Laudícia, Maria Garrido e de todas as outras.
Depois de concluir os estudos superiores, chegou o tão sonhado momento de começar a lecionar. Aquele sonho de criança se tornaria realidade! Os ensinamentos de dona Anízia, dos professores, não foram em vão! Com eles aprendeu, além do conhecimento, a ter noções de cidadania, responsabilidade e dedicação ao trabalho.
Foram 43 anos dedicados a guiar jovens nos impérvios caminhos da vida. Falar em Maria Guedes(Tuzinha) é lembrar do grandioso trabalho desenvolvido pelos educadores e, segundo falam ex-alunos, ela foi mestra na arte de ensinar. Levou o conhecimento para jovens e adultos na escola de São Luiz, Caraíbas, Serra do Estevão e lecionou ainda na escolinha do Curtume Belém e José Jucá.
Merece destaque especial o trabalho desenvolvido na alfabetização de adultos em Rinaré. Lembra da alegria estampada no rosto de pessoas já de, certa idade, ao aprender a ler. Maria Guedes sempre nos lembra o que falou o poeta Mário Quintana: “Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”. Quixadaenses(ou não) exercendo importantes atividades na comunidade foram seus alunos, como por exemplo, Valdécio (advogado), Francisco das Chagas Costa(advogado), Risolene, dentre muitos outros. Tendo conquistado o coração dos alunos e de toda a comunidade, pois tratava as pessoas com muito carinho, a bondosa mestra participou, ativamente, da vida social e política do município, tendo ocupado diversos postos nas administrações de alguns prefeitos como Aziz Baquit(Departamento de Pessoal), Francisco Martins de Mesquita(Administração), tendo colaborado, ainda, com o trabalho de outros prefeitos e na Câmara Municipal de Quixadá.
Pela sua experiência adquirida no setor educacional, a querida Tuzinha sempre era consultada pelas autoridades municipais, quando da instalação de uma escola nos distritos ou na sede do município. Por ter prestado relevantes serviços à cidade, que tanto ama, foi condecorada com a medalha do Cedro e recebeu outras homenagens. Mas, Maria Guedes Barroso gosta mesmo é de ser lembrada como professora.
Nada é mais bonito do que guiar os caminhos a ser percorridos pelas pessoas. Faz questão de lembrar queridas mestras como Maria do Carmo Lélis(conhecida como dona Quintina), Francisca Neusa Jataí, Neémia Jataí Teles, Professora Nana (com quem aprendeu o Catecismo), Maria Cavalcante Costa e muitas outras. Aponta como um dos grandes amigos, o médico Everardo Silveira, lembrando que foi a pessoa mais caridosa que conheceu. Ele não queria saber de dinheiro, cuidava do doente rico e pobre.
Segundo a filha e companheira inseparável de todas as horas, Sandra Guedes, a existência de sua mãe tem sido um ato de amor, não só para com a família, mas com todos que dela necessitam. Minha santa mãezinha foi o maior presente que Deus me deu, diz emocionada.
Por ter transmitido tanto amor na abençoada profissão de professora, pelas palavras de conforto, por nos ensinar a ser responsável, solidários, amigos, nós, ex-alunos e comunidade, lhe damos: “Aquele abraço querida Tuzinha!”
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Amadeu Filho
Colaborador da RC
Radialista Profissional
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