Enquanto esses homens não chegam a um denominar comum, a esperança continua entre os sertanejos.
O XX Encontro dos Profetas da Chuva realizado na cidade de Quixadá, na região Central do Ceará, ocorre sempre no segundo sábado do mês de janeiro de cada ano. Mais uma vez, o evento conseguiu atrair a mídia nacional, estadual, regional e local.
Diferente das demais edições, nesta, apenas 14 profetas compareceram, uma demonstração de que alguns estão tendo problema para prognosticar a natureza. No geral, o portal Revista Central analisou que não existe unanimidade entre os participantes, a maioria simples garantiu que a quadra invernosa, chamada pelos participantes de “inverno”, será boa.
Outro fator negativo é o aparecimento de meios atualizados, como o uso de fotografias, banners, tirando assim as características do meio rural.
Antônio Talvânio Lima, 75 anos, morador do distrito de Custódio, e Francisco dos Santos, conhecido por Chico Leiteiro, 78, são os mais experientes do encontro, inclusive fundadores. Pelo prognostico dos dois, a região Central terá muitas chuvas, mas dentro da média.
O aposentado Antônio Talvânio Lima analisa a natureza por meio do cupim e da maria-de-barro. Ele disse que esse ano o cupim está mais “gordo”, sendo assim sinal de chuva. O profeta verificou que a maria-de-barro teria feito à entrada(boca) no sentido poente. “A
partir da próxima semana eu já começo a plantar e quem quiser fazer legumes [milho ou feijão] já deve limpar o roçado”.
O profeta Chico Leiteiro prognostica que será um ano de muitas chuvas, “terá inclusive enchentes”. Ele usa a abelha como referência. A professora Maria de Lurdes Leite usa pedra de sal em um tabuleiro, em sua análise: “vamos ter um bom inverno”.
O pessimismo vem do profeta José Freire, “chove pouco, mas vai ser melhor do que 2015”, este senhor observa o juazeiro. O dentista Paulo Costa de Oliveira,70, alerta as autoridades que será um ano de seca, e alerta: “Se prepare para outra seca”. Ele analisa o vento a partir do mês de setembro.
João Américo da Costa, 88, mostra num banner fotos de um formigueiro no leito de um rio seco e a pouca floração do juazeiro. “Já está com três anos que esse formigueiro aparece na barreira do rio e nunca se acaba. A previsão é para um inverno muito fraco”.
Devido às mudanças climáticas, os próprios profetas dizem que a cada dia está mais difícil fazer previsão com base no empirismo. Uma coisa é certa, Quixadá ganha com destaque na imprensa.
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