O certo é que, tinha tudo para se firmar como um craque do futebol, mas uma queda de bicicleta, quando fraturou o braço direito, o impediu de continuar jogando.
Era um dia de domingo! Na radiadora de Zé dos Santos (o nosso grande veículo de comunicação, naqueles anos 50), o locutor Zé Viana convocava os quixadaenses para mais um clássico: Bangu contra o Comercial, uma espécie de FLA FLU daquele tempo. Os aguardados jogos aconteciam no acanhado campo da rua do Prado (Tenente Cravo) que dispunha de uma arquibancada de madeira. Não há como negar que, nos chamados anos dourados, as duas grandes forças do futebol quixadaense eram o Bangu e o Comercial.
Mardônio Costa Veras foi um autêntico ponta esquerda que, atacava muito, mas voltava para ajudar o meio de campo, ganhando por isso o apelido de “formiguinha quixadaense”, exatamente porque corria o campo todo, jogou nestas decantadas equipes de nosso futebol. Mardônio fez parte daquela consagrada equipe do Bangu, quase imbatível, e que tinha em seus quadros nomes consagrados como Zé Leônidas, João Eudes, Pacoty, Santos, Nivaldo, Ary, Tomé, Toinho, Mafia, João Eudes II. Gosta de lembrar que o técnico Dedé lhe repassou muitos ensinamentos de como deve atuar um ponta esquerda. O seu jogo inesquecível foi contra a seleção de Iguatu, marcando dois gols, de bela feitura, e ainda, segundo os que viram o jogo, cumprindo uma atuação convincente.
Um detalhe, que não esquece, é o fato do estádio chamar-se, naqueles anos, estádio do Cemitério. Outro detalhe apontado pelo craque é o fato dos atletas do Bangu, nas celestiais viagens de trem, fazer uso de uma charanga e quando o trem parava na estação, os atletas cantavam: “Olha veja só quem acaba de chegar/É o Bangu saudando o povo do lugar/ Não é pra sua mãe e nem bafo de boca/As meninas gritam e ficam de água na boca! – No Comercial, jogou ao lado de Arara, Joãozinho, Marreta, dentre outros. Lembra que o Comercial trazia jogadores de outros municípios como Limoeiro do Norte, Morada nova, Quixeramobim com o objetivo de reforçar o time.
Em 1959, Mardônio teve que ir à Fortaleza e ingressou na Aeronáutica, logo ganhando a confiança de todos pela sua dedicação nas tarefas que lhes eram determinadas a realizar. Chegou a jogar profissionalmente no Nacional da primeira divisão do campeonato cearense, chamando a atenção de dirigentes de outros clubes da Capital. O conhecido zagueiro Becão(colega da Aeronáutica), de grande destaque na época, vendo-o jogar quis levá-lo para o América, então em grande fase, mas não chegou a vestir aquela camisa. Chegou a assinar ficha para atuar no Calouros do Ar, na verdade, o de sua preferencia. O certo é que tinha tudo para se firmar como um craque do futebol estadual, mas uma queda de bicicleta, quando fraturou o braço direito, o impediu de continuar jogando futebol. Contava com 26 anos. Naquele momento, terminaria o sonho de conquistar seu espaço no mundo da bola. Terminaria aí seu tempo na capital cearense, voltando então para a sua amada Quixadá, não demorando muito a ingressar no setor educacional, tendo trabalhado no grupos Benigno Bezerra e Adolfo Siqueira por exatos 32 anos.
Casou-se em 16/12/1964 com Maria Soares Lima Veras (carinhosamente chamada de Socorro) na igreja da Matriz recebendo às bênçãos do Padre José Bezerra. É pai amoroso de Laura, Mirella e Yeda, filhas muito querida, como sempre afirma.
Futebol nos dias atuais para o ex-craque só na “TV” e no rádio, uma de suas paixões. Quando acompanha algum jogo, bate uma saudade muito grande dos colegas de times, das vitórias, do choro nas derrotas e, principalmente, do aplauso da torcida. Nunca esqueceu o dia em que, ao término de uma partida, foi aplaudido por todo o estádio pela grande atuação. “Jamais me esquecerei dos queridos torcedores” diz, tentando disfarçar algumas lágrimas que rolaram pelo rosto. Obrigado Mardônio por tantas alegrias que destes ao nosso esporte!
Amadeu Filho
Colaborador da RC
Radialista Profissional
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