Apesar de uma vida dedicada ao futebol, o amor à família vinha em primeiríssimo lugar. Everton era um apaixonado pela família.
Everton Ribeiro quando criança fugia da vigilância do senhor Ribeiro e ia em busca dos campinhos de terra que existiam naquele Quixadá divino e maravilhoso dos anos 40. Muitas vezes, estava ajudando a seu pai na estação ferroviária e saía correndo, pois o colega de infância, o Charuto, avisava que tinha brincadeira de bola por perto. Diferente da maioria das crianças da sua idade que se sentia os reis da rua ao brincar de pião, soltar raias, pular corda, Everton participava das peladas que aconteciam em toda parte da cidade.
Adolescente, já falava abertamente que queria ser jogador de futebol. Naqueles anos, só se ouvia futebol pelo rádio e o garoto já tinha seus ídolos como Pavão e Joubert, craques do Flamengo e, em especial, era admirador de Nilton Santos, craque do Botafogo. Numa tarde, Dedé Segundo, o descobridor de talentos da Terra dos Monólitos viu aquele jovem dando um verdadeiro show de bola, como se dizia há algum tempo, num gostoso “racha”(chamavam assim uma gostosa pelada), convidou-o para treinar no Bangu, equipe já consagrada naqueles anos. Em pouco tempo, se tornou um zagueiro eficiente e outros times queriam contar com ele, como por exemplo, o Comercial.
Não demorou muito e passou a integrar o quadro titular que contava com craques, já consagrados, como Mafia, João Eudes, Toin Ribeiro, João Ribeiro, Pacoty, Santos, Nilson pereira, Nivaldo, dentre outros. Everton fez sua estreia contra a equipe do Calouros do Ar, time da primeira divisão do Campeonato Cearense, se destacando na zaga, enchendo os olhos da torcida e, mais ainda, da comissão técnica do Calouros. Neste jogo, houve um empate de 2 a 2 e aconteceu um gol relâmpago, assinalado pelo Santos, aos 16 segundos.
Terminada a partida, o Sargento Nunes, quixadaenses (irmão de Mário Bertoldo), um dos diretores do clube da capital, falou desse jeito: “Você vai comigo, será um dos melhores quarto-zagueiros do Ceará!”. Com o consentimento dos pais foi para Fortaleza, não demorando muito a jogar no quadro principal do conhecido “time da base aérea”. Era o ano de 1956 e, naqueles anos, o Calouros era um respeitado time e contava com jogadores de alto nível como, por exemplo, Beto, Jandir, Jairo, Helder, Zuzinha e outros.
Se faz necessário destacar que, no ano anterior, foi campeão cearense ao derrotar o Ferroviário por 2 a 0. Como o time pertencia a Base Aérea de Fortaleza, Everton ingressou na Aeronáutica, onde, pela seriedade e dedicação, ocupou importantes espaços mas, sempre dedicado ao clube também chamado de “Tremendão da Aerolândia. Por longos nove anos, defendeu o clube que aprendeu a gostar. Prova maior deste amor foi o fato de ter sido convidado para jogar no Vasco da Gama e até passou nos testes mas, o coração falou mais alto e, ademais, não queria abandonar a vida militar. Lá nos treinos do clube carioca encontrou-se com o notável artilheiro e conterrâneo Pacoty. Everton foi o responsável pelo apelido “Caravelli” dado ao excepcional goleiro Aloísio Linhares, do Ceará Sporting. Numa cobrança de escanteio, a bola sobrou para ele que detonou uma bomba no canto esquerdo do grande goleiro, obrigando-o a uma defesa espetacular, ainda hoje lembrada pelos torcedores cearenses de mais idade.
Aos 28 anos, veio definitivamente para a sua amada terra dos monólitos e, com a sua experiência no futebol, passou a contribuir com o Quixadá Futebol Clube. Segundo o Pio, quixadaense com mais tempo de dedicação ao canarinho, Everton Ribeiro foi peça fundamental na histórica vitória sobre o Tiradentes o que possibilitou o acesso a primeira divisão do campeonato cearense.
Terminada a fase de sua presença no futebol, se tornou um eficiente corretor de imóvel e, sempre com carinho e respeito às pessoas, se tornou um profissional respeitado e muito querido. Trabalhou por vários anos no setor educacional, fazendo parte dos quadros do Grupo José Jucá e Liceu.
Apesar de uma vida dedicada ao futebol, o amor à família vinha em primeiríssimo lugar. Everton era um apaixonado pela família. Laços de amizade real estavam presentes na vida de Everton, da esposa Irene e dos filhos, que ele tanto amava, Cynara, Emerson e Erlom. Era uma doce convivência!
O craque e maravilhoso pai de família, bom esposo, nos deixou em 17/03/2014, deixando triste os amigos, à família, mas sempre lembrado quando, se fizer necessário, destacar o caráter, a honestidade e seriedade no trabalho. “Meu pai era tudo de bom!” nos lembra Cynara, Emerson e Erlom.
Amadeu Filho
Colaborador da RC
Radialista Profissional
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