Coluna Amadeu Filho: Mestre Pereira – o rei do São João da Terra dos Monólitos

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mestre_pereira_amAÉ necessário valorizar aqueles que divulgam as práticas culturais cotidianas e a memória de nossas tradições culturais.

Festa junina na Terra dos Monólitos sem a presença do mestre Pereira, não me diga que é São João. Essa popular festa tem que ter quadrilha, balão, fogueira, fogos, canjica, pamonha, casamento caipira e Zé Pereira.

Ele é um ícone da festa junina, isso desde o final dos anos 50 quando trabalhava nas “Casas Pernambucanas” e então, foi convidado pelo mestre_pereira_amgerente Carlos César ao perceber o seu talento, lhe deu a missão de ensaiar as quadrilhas. A partir daí passou a alegrar toda a cidade com sua festiva presença, sendo gritador (se chamava assim) das quadrilhas e de praticamente todos os festejos nas praças, ruas, escolas. O junho é o mês das homenagens aos três santos da Igreja Católica, São João, São Antônio e São Pedro, para o Mestre, além de comandar as quadrilhas, os arrastas-pé, também era responsável pelas novenas.

Filho de Francisco Januário da Silva(Chico Pereira), magarefe da mesma época de Laranjeiras, e de Antônia Luciano da Silva, foi aluno (da professora  Nana e estudou no Grupo Escolar José Jucá. Como teve que ajudar seu pai o que o impediu de prosseguir nos estudos, mas foi doutor na arte de comandar os festejos juninos.

Hoje, preste há completar 88 anos, não participa diretamente da festa, mas a sua presença é motivo de inspiração para os brincantes da era da Internet. Continua a receber convites para orientar as quadrilhas, faz palestras. Foi homenageado inúmeras vezes e inclusive, foi agraciado com a medalhar Rachel de Queiroz. Recentemente, foi homenageado pelo Balneário Cedro Clube, por ocasião de mais um baile da saudade. O maior reconhecimento ao Mestre vem do povo que se sente mais feliz com a sua sempre divertida presença. Alegrar as pessoas é uma característica de Pereira que, algumas vezes, se comunica com as pessoas falando um castelhano de mentirinha.

Figura popularíssima na cidade, pois além dos festejos, fez muitas amizades, vendendo deliciosos bolos e salgadinhos, feitos por ele mesmo. Se faz necessário lembrar que também alegrava nossos carnavais e seu bloco se tornou uma atração, durante muitos anos.

Ele foi o melhor “gritador de quadrilhas”. Muitos quixadaenses ainda lembram a voz do Pereira, comandando as quadrilhas “balance!”, “changê de dama(trocar de damas)”, “olha o túnel”, “olha a chuva” e “grande passeio!”.

No carnaval, fazia a diferença, tornando a cidade mais alegre. Participava das atividades da igreja, chamando os leilões de uma forma irreverente, aumentando a participação das pessoas nas novenas, durante as quermesses.

Pereira, por tudo que fez em prol da divulgação das manifestações populares, é, sem dúvida,  um tesouro vivo da cultura quixadaense. Se faz necessário valorizar aqueles que divulgam as práticas culturais cotidianas e a memória de nossas tradições culturais. Viva São João, Santo Antônio, São Pedro. Mas viva também Zé Pereira!

Acessando o blog Amadeu Filho você terá a oportunidade de conhecer mais sobre a história de Quixadá.

Amadeu Filho
Colunista da RC
Radialista Profissional
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