Moradores de cidade onde barragem se rompeu não passaram por plano de evacuação, diz jornal

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Rompimento aconteceu cerca de um dia após abertura da comporta da barragem, que faz parte da obra de transposição do São Francisco (Foto: Sistema Verdes Mares)

Os moradores de Jati, cidade da região do Cariri onde está a barragem do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf) que rompeu na última sexta-feira (21), não passaram por um treinamento de evacuação em caso de emergência, como foi o caso do rompimento. A declaração foi dada ao jornal Diário do Nordeste deste domingo (23) pelo supervisor regional da Defesa Civil do Ceará, Francisco Brandão.

Em caso de situações que possam colocar em risco a vida de pessoas que moram no entorno da área de barragens, a Agência Nacional das Águas (ANA) possui um plano que é colocado em ação para situações atípicas. Mas os moradores de Jati ainda não tinham passado por nenhum treinamento, conforme declaração de Francisco Brandão ao jornal. “A gente não tinha feito ainda o simulado. A população ainda não estava 100% preparada. O simulado é feito em conjunto e com a participação da comunidade, mas não tinha sido feito ainda em função dessa história toda (da pandemia), de alguma coisa que deixou de ser feita”, reconheceu o gestor.

Os estados também possui co-responsabilidade na segurança dos cidadãos por ter que elaborarem um plano de contigência feito pela Defesa Civil, mas conforme o jornal, o protocolos não estava finalizado. “É um plano muito parecido com o PAE, que estava sendo elaborado e que não tinha sido terminado também. As coisas estavam caminhando juntas, estavam por ser terminadas ainda quando o desastre aconteceu. Na realidade, a gente evitou um desastre porque se essa barragem arromba, a coisa tinha sido muito pior”.

A situação do rompimento no duto que permite levar as águas do Rio São Francisco para Paraíba e Rio Grande do Norte levou o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) a ter que evacuar cerca de 2 mil pessoas de Jati que residiam no entorno da barragem. Em nota enviada à imprensa na madrugada de sábado (22) o órgão federal disse que “Com o apoio do MDR, essas famílias estão sendo transportadas para hotéis, pousadas e alojamentos na região ou poderão ir para casas de parentes e amigos até que sejam feitas todas as avaliações técnicas das estruturas do reservatório”.

No sábado, o governador Camilo Santana esteve visitando a cidade e oferecendo as forças do estado para colaborar com o trabalho feito pelo Governo Federal. O Ministério do Desenvolvimento Regional estima que até a próxima terça-feira (25) o reparo no rompimento do duto da barragem possa estar resolvido. Até lá, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros estarão monitorando a evacuação das pessoas. Há relatos de famílias que pelo temor de uma tragédia, tenham abandonado suas casas sem que houvesse necessidade, a partir de uma avaliação técnica.