Lar Quixadá População sertaneja espera ansiosa pelo XIX Encontro dos Profetas da Chuva de Quixadá
QuixadáSertão Central

População sertaneja espera ansiosa pelo XIX Encontro dos Profetas da Chuva de Quixadá

14

profestas_antonio_limaA preservação da cultura e da sabedoria popular seculares, herdadas de pai para filho, é o que incentiva a organização anual do encontro.

É tradição que se perpetua de geração em geração: todos os anos, os profetas e profetisas da chuva usam como instrumentos para as suas previsões a sintonia com a natureza, rituais, a observação dos ventos, formigueiros, cupinzeiros, casas joão-de-barro, o juazeiro, a flor do mandacaru, a barra da lua, a pedra de sal, dentre outras “experiências”, como são chamadas as fontes de seus estudos, feitos a partir de observações ao longo do ano, que prenunciam como será a próxima quadra chuvosa do Ceará. Em 2015, eles se reúnem no XIX Encontro dos Profetas da Chuva, que acontecerá em Quixadá, de 09 a 11/01. O evento, que faz parte do calendário climático-ambiental brasileiro, é promovido pelo Instituto de Viola e Poesia do Sertão Central (Ce), produzido pela Mungango Produções e conta com a apoio da Prefeitura municipal de Quixadá, CAGECE, Instituto Agropolos, SEBRAE, SDA, Convention Bureau Fortaleza e ACVQ.

O público terá a oportunidade de assistir, logo na abertura, ao talento de violeiros e trovadores de várias regiões do Ceará, no VIII Encanta Quixadá (Praça da Fundação Cultural Rachel de Queiroz). No dia 10/01, às 8h, haverá a exposição das previsões de 30 profetas, o ponto alto do encontro: cada profeta ou profetisa faz a sua previsão para a próxima quadra chuvosa e diz qual o método usado para sua análise. Às 16h, tem início o Seminário Convivência com o Semiárido, que reunirá nomes de especialistas como Helder Cortez, gerente de Saneamento Rural da Cagece, que abordará o tema Modelo de Gestão para o Saneamento Rural, Nicolas Fabre, engenheiro agrônomo representante da Aprece e graduado na França, que abordará o tema Agroecologia – estratégias para agriculturas sustentáveis no contexto do Semiárido Brasileiro, e Rodrigo Castro, da Associação Caatinga, que discorrerá sobre a experiência da ONG na convivência com o semiárido.

A preservação da cultura e da sabedoria popular seculares, herdadas de pai para filho, é o que incentiva a organização anual do encontro, que em 2016 chega aos seus 20 anos como um dos eventos mais esperados pelos agricultores cearenses, que buscam identificar o melhor momento para o plantio. “Existe uma disputa saudável entre os participantes, cada um em busca de conhecer melhor os sinais da natureza e de sua terra. Portanto, a ideia maior é a de fortalecer a tradição e cultura popular, não só em Quixadá como em outros municípios do Ceará e do país, tendo como elemento a água e as condições climáticas que tanto afligem os sertanejos”, diz João Soares, idealizador do encontro.

Os profetas da chuva

É a sintonia do homem do campo com a natureza que fez surgir os “profetas da chuva”. Ao longo dos anos, a cada plantio e expectativa de colheita, os sertanejos vão ampliando sua interação com o meio ambiente e passando suas experiências e rituais para filhos e netos. Em 1996, o gerente regional da Cagece em Quixadá, Helder Cortez, juntamente com o comerciante João Soares, observou o grande número de pessoas que o procuravam alertando quanto às chuvas e recargas dos mananciais da região todos os anos e resolveu reuni-los no I Encontro dos Profetas da Chuva, que hoje é uma tradição no Ceará.

Os sinais

Se o ninho do  joão-de-barro está com a porta voltada para o poente, é sinal de chuva;

Se o joão-de-barro não está no ninho, para alguns profetas esse é um sinal de bom inverno, pois elas saem em busca de alimentos antes, para evitar sair no período invernoso; para outros, é sinal de seca, pois os passarinhos estariam armazenando alimentos para a difícil época que se aproxima.

{module [270]}

Curiosidades

A escritora cearense, Rachel de Queiroz, primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, ficou famosa ao escrever seu primeiro romance O Quinze, sobre a seca que assolou sua terra. Mesmo morando no Rio de Janeiro, ela voltava sempre à Quixadá, para sua fazenda (“Não me deixes”). Sobre os profetas da chuva, dizia a autora: “Vá, por exemplo, ao sertão nordestino, nos meses de novembro e dezembro. O povo, lá não tira os olhos do céu, em procura dos prenúncios. Pequenas nuvens ao poente… pequenas, claro, ainda não é tempo das grandes, mas, se elas se juntam para o sul, quer dizer uma coisa; se aparecem ao poente, a coisa muda. Só o que elas não dizem é que a coisa será essa: como todos os adivinhos do mundo, gostam de se envolver em mistério…” (p. 13)

QUEIROZ, Rachel. Existe outra saída, sim. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2003.

Serviço:

Data: 09 a 11/01/2015
Informações/entrevistas: João Soares (idealizador do encontro): 88 9631.1416
Helder Cortez: 85 8878.8920 e 9755.0916/34961686
Hidário Matos – Mungango Produções: (85) 9904.8284/8811.9009 – (85) 3032.3333

Artigos relacionados

Sertão CentralÚltimas notícias

Chuvas na madrugada fazem açude sangrar e alagam CE que liga Tauá a Mombaça

Região Central: As fortes chuvas das últimas horas que caíram sobre o...

Sertão CentralÚltimas notícias

Sertão Central tem município entre os com menor número de nascimentos no Ceará; descubra qual

Região Central: O município de Deputado Irapuan Pinheiro, no Sertão Central cearense,...

Sertão CentralÚltimas notícias

MPCE recomenda rescisão de contrato de R$ 2 milhões da Prefeitura de Choró com empresa de alimentação

Região Central: O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) recomendou à...