Região Central – O município de Choró amarga índices sociais preocupantes. Dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) revelam que a cidade ocupa a 7ª posição entre os municípios com menor renda nominal média mensal no Ceará. Em outras palavras, a população sobrevive com muito pouco.
Mas enquanto a realidade do povo é marcada por carência, desemprego e seca, a administração municipal parece viver em um mundo paralelo — de bonança e consumo supérfluo. Sob comando do prefeito interino Paulo George de Sousa Saraiva, o Paulinho, a Prefeitura tem promovido licitações milionárias para aquisição de itens que em nada refletem as urgências do município.
Em recente apuração, a Revista Central revelou uma licitação absurda para compra de chapéus personalizados, agendas e outros artigos. O caso gerou indignação popular, e ao investigar novos processos, o que se encontrou foi ainda mais estarrecedor: a Licitação nº 019-2025-PE-SRP/2025, com valor estimado em até R$ 3.434.941,32 (três milhões, quatrocentos e trinta e quatro mil, novecentos e quarenta e um reais e trinta e dois centavos).
A lista de produtos não condiz com a realidade de um município empobrecido. Entre o item que mais chama a atenção: cortador de grama. Equipamentos de escritório, como notebooks e impressoras, muitos com valores inflacionados em comparação aos preços de mercado. Num município que mal consegue manter sua infraestrutura básica e que enfrenta estiagem, comprar cortador de grama parece piada de mau gosto — ou um acinte ao bom senso.
Para piorar, o processo licitatório virou alvo de impugnação por parte de uma empresa concorrente, que acusa a comissão de elaborar um edital sem a devida clareza, comprometendo a lisura da concorrência. As denúncias apontam para uma condução pouco transparente e tendenciosa, o que só acende ainda mais o sinal de alerta sobre os bastidores da gestão.
Enquanto os moradores lutam para sobreviver com uma das rendas mais baixas do estado, o governo municipal gasta milhões com itens que pouco ou nada impactam a vida da população. Faltam investimentos em saúde, infraestrutura, educação e projetos sociais, mas sobram recursos para atender caprichos administrativos.
Choró não precisa de chapéus personalizados nem cortadores de grama caros. Precisa de dignidade, planejamento e respeito ao dinheiro público. E a atual gestão, ao que tudo indica, tem feito exatamente o contrário do que se espera de quem deveria defender os interesses coletivos.
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