
Volte cinco anos. É noite de domingo de 15 de março de 2020. O coronavírus já era notícia no Brasil e no mundo, mas o Ceará continuava sem nenhum caso. Até que, naquele dia, a Secretaria da Saúde do Estado confirmava: o enigmático e mortal vírus tinha sido detectado nos três primeiros pacientes cearenses.
Era o início da pandemia no estado. Dois homens e uma mulher, moradores de Fortaleza e que voltavam de uma viagem do exterior, testaram positivo. Quatro dias depois o então governador Camilo Santana decretava o primeiro isolamento social. Dali em diante é história. Você lembra de tudo porque a sua vida mudava completamente: isolado, com ruas desertas, longe das pessoas.
Até o momento, o estado acumula 1.536.345 casos de Covid-19 e 28.215 mortes, conforme dados do Ministério da Saúde. Antes vista apenas pelo noticiário da televisão, chegamos a pensar, por uma fração de instante, que não passaríamos por aquilo, mas ela veio com força.

Medidas importantes
Durante os cinco anos de pandemia, o Ceará enfrentou duas grandes ondas de aumento de casos. A segunda, ocorrida em 2021, foi a mais severa, com 630.440 casos confirmados. Unidade terciária de referência para pacientes da região, o Hospital Regional do Sertão Central (HRSC) em Quixeramobim chegou a atingir 100% de ocupação dos leitos de UTI em maio, apenas dois anos do início da pandemia. A situação levou a Sesa a abrir um hospital de campanha um mês depois.
A resposta do estado incluiu a ampliação da rede hospitalar e a capacitação de profissionais de saúde. O Hospital Leonardo da Vinci foi rapidamente ativado para atender pacientes com Covid-19. Pesquisas científicas locais desempenharam papel importante no enfrentamento da crise, como a criação do capacete Elmo.

Esperança
Foi um período de incerteza, de espera e de saudade. Aprendemos a medir distâncias com os olhos, a sorrir com as sobrancelhas, a falar de afeto sem toque. Mas, aos poucos, fomos reconstruindo. O Ceará viu hospitais se adaptarem, pesquisadores se debruçarem sobre dados, comunidades se unirem para ajudar quem mais precisava.
E um dia, o medo foi cedendo espaço à esperança. As vacinas chegaram, e com elas, o começo do fim daquela tempestade. O que antes era um ciclo de restrições tornou-se um novo fôlego para a vida. As escolas reabriram, os mercados voltaram a ter rostos descobertos, os abraços, antes contidos, voltaram a ser apertados.
Hoje, olhamos para trás e vemos que sobrevivemos. Mas mais do que isso: crescemos. Não somos mais os mesmos de 2020. Sabemos, agora, que o que realmente importa nunca esteve nas prateleiras esvaziadas dos supermercados, mas na solidariedade, na ciência, no cuidado com o outro.
Cinco anos depois, seguimos em frente. Não ilesos, mas mais fortes.