Passeio na área externa do HRSC serve como terapia para mães de bebês em longa internação

compartilhar no:
Passeio na área externa do HRSC serve como terapia para mães de bebês em longa internação. Foto: Kátia Idalinne

Passear pode parecer um gesto simples, mas para quem está internado em um hospital, sair do quarto e ver o mundo lá fora, tem um poder renovador. Este tem sido o resultado encontrado no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), em passeios pela área externa realizados com as mães de recém-nascidos com baixo peso internados no equipamento, em Quixeramobim.

A proposta tem trazido bons resultados, como controle dos níveis de estresse e o alívio de quem sonha em voltar para o aconchego do lar. Maria Livânia Silva é prova disso. A doméstica de 34 anos passou mais de três semanas no HRSC depois que sua segunda filha, Laís, nasceu prematura e com baixo peso. “Não é uma situação fácil, tem horas que bate um desespero, uma vontade de ir para casa”, diz ela.

Situações como a da pequena Laís geram um período de internação é maior. Diante dessa realidade, a equipe passou a propôr passeios com as puérperas e os filhos, em horários apropriados, na área externa do hospital. “Esse momento possibilita descomprimir o fato de elas precisarem ficar tanto tempo no leito”, pontua Kátia Idalinne, coordenadora de enfermagem do Eixo Neonatal do HRSC.

“Para quem passou três semanas aqui, o passeio é bom porque você sente o ar lá fora, respira um pouquinho, vê o verde, sente que tem vida lá fora”, diz Maria Livânia. Depois da “voltinha” na companhia de outras mães, Livânia até voltou a sorrir. “Achei tão bom o passeio e agora vou ver o verde da janela da minha casa”, completa a doméstica.

Recurso terapêutico

Daniele Andrade Silva, 18 anos, veio de Paramoti depois que Noa, seu primeiro filho, foi diagnosticado com baixo peso. Passou um mês e 13 dias internada no HRSC e sentiu o quão foi positivo passear com as outras mães. “Depois daquele dia, a gente foi ver as coisas lá fora, ver o movimento, eu me senti melhor. Vi as pessoas, me deu saudade da minha casa, e agora graças a Deus, estou voltando para o meu cantinho”, relata, após receber alta.

Os passeios são feitos com mães do espaço Canguru, local onde ficam as puérperas e os recém-nascidos que recebem alta da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo). No Canguru, elas precisam ficar a maioria do tempo com o filho sobre o corpo. “No contato pele a pele o bebê fica menos irritado, o que é importante já que o choro e a irritação fazem o bebê gastar energia e comprometem o ganho de peso”, explica Kátia Idalinne.

A estratégia de contato corporal implica numa espécie de confinamento. Para aliviar as consequências, Carla Vida, psicóloga do HRSC, explica que o passeio funciona como um recurso terapêutico e de humanização. “A mudança de ambiente, livre dos estímulos que despertam a sensação de desconforto da vivência hospitalar e distanciamento da família, é uma oportunidade para as mães expressarem suas emoções e fortalecerem seus recursos de enfrentamento”, pontua a psicóloga.