Naegleria fowleri. Falando pelo nome original, você talvez não saiba identificar, mas essa é a chamada ‘ameba comedora de cérebro’, um microorganismo altamente letal e que foi encontrado em um açude do Ceará, matando em seguida uma criança de pouco mais de um ano.
O grande perigo que a ameba carrega está justamente num fato pouco considerado e bastante comum na realidade do cearense: a Naegleria fowleri é uma ameba termofílica, ou seja, que se adapta a ambientes quentes. Ela pode ser encontrada em lagoas, rios, riachos com água doce e morna ou quente, o que cria um ambiente favorável à sua procriação. Piscinas que não recebem tratamento adequado com cloro também são propensas.
Foi o que aconteceu com a criança de 1 ano e 3 meses, que morava em um assentamento rural, em Caucaia. Uma investigação da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) encontrou a ameba no açude que abastecia as famílias do assentamento. A criança adquiriu a ameba no banho doméstico, na própria casa. A conclusão da Sesa é que a água não recebia o tratamento adequado.
A infecção ocorre quando a água contaminada entra pelo nariz. Ao alcançar o cérebro, a ameba penetra no tecido cerebral, causando meningoencefalite amebiana primária (MAP). Os sintomas começam cerca de cinco dias depois com dor de cabeça, febre, náusea e vômito, e nos casos mais avançados, evoluem para lesões no pescoço, confusão, desatenção, convulsões, alucinações e coma. Após o início dos sinais, a progressão da doença é rápida e a chance de morte é de 97%.
Banhos em açudes fazem parte da rotina do povo cearense. As atas temperaturas comuns na região, podem tornar a água morna e favorecer a proliferação da ameba, por isso a população precisa estar atenta.
Em todo o mundo, desde 1960, somente cerca de 200 casos de infecção por Naegleria fowleri foram confirmados, o que mostra que a doença é rara. O caso em Caucaia é o primeiro confirmado por exames no Brasil, mas há relato de um outro paciente que também teria morrido de meningoencefalite amebiana em São Paulo, em 1975.