Nos tempos atuais, o vício em jogos tem se destacado entre os brasileiros e provocado inúmeros problemas. Há relatos de pessoas que perderam tudo e que investiram muito dinheiro pelo vício de continuar jogando sem parar. O problema tem causa psicológica.
Esse problema passou a ser mais recorrente após uma onda de golpes, aplicados através do famoso Jogo do Tigrinho. Várias investigações já descobriram que a propaganda de grandes ganhos feita por influenciadores na internet, para incentivar mais pessoas a jogar, é enganosa.
O vício em jogos de azar ou de apostar tem nome é chamado na psicologia de Ludopatia. “É um distúrbio psicológico que faz com que a pessoa aposte compulsivamente e está relacionado ao transtorno do controle de impulsos”, explica Rodrigo Bravin, psicólogo e professor de Medicina do Esporte da Faculdade Uniguaçu, que conversou com o Revista Central.
“No contexto social, a vida familiar, profissional e financeira do sujeito é colocada em xeque, já que tudo passa a girar em torno da necessidade de jogar, o resto se torna algo secundário”, alerta Rodrigo. O transtorno é reconhecido na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) como jogo patológico, com o código F630.
Não raro o vício causa problemas financeiros e vira caso de Polícia. Foi o que aconteceu com um professor de Quixeramobim, preso em março deste ano. A Polícia Civil afirmou que ele extorquia uma colega de profissão e já tinha conseguido mais de R$ 200 mil com o golpe.
O psicólogo explica que no contexto do vício a pessoa se desconecta da vida real, e sua única prioridade vira o jogo. “Os pensamentos estão voltados para as apostas, a sensação de prazer ao fazer o clique”, afirma. Em determinado momento o viciado passa a mentir para parentes, e até pegar dinheiro emprestado com agiotas. “A pessoa experimenta uma terrível inquietação e irritabilidade por não poder jogar”.
Estudos de neurobiologia recentes compararam os efeitos do vício em jogos, semelhante ao de vícios em bebidas e álcool. Mas apesar da gravidade, tem tratamento. Estudos mostram que 70% das vítimas superam o transtorno com terapia, enquanto o restante sofre recaídas ou abandonam o tratamento. Muitas vezes é necessário o uso de medicamentos. A família possui um papel fundamental.
“A família entra como parceira indispensável em todo tratamento, ajudando a afastar a pessoa de coisas nas quais poderão ser gatilhos para o desejo compulsivo, e, com o apoio constante, tendo um olhar cuidadoso em vez de inquisidor durante o processo de recuperação do sujeito”, finaliza o especialista.