Quixadá: o maior município da região do Sertão Central cearense, comemora hoje 154 anos de emancipação política. No seu aniversário, Quixadá acumula múltiplas razões para comemorar, desde berço dos monólitos que roubam o olhar dos mais curiosos, até destaques atuais, como polo universitário de referência na região. O município cearense guarda uma parcela considerável da história do País por suas obras e construções e se configura como uma cidade de destaque.
Lembrar dos 154 que comemora o município nesta data, é também lembrar que Quixadá compõe a história dos livros que lemos. Um dos feitos mais simbólicos foi a construção do Açude Cedro, feito sob ordem do então imperador Dom Pedro I para combater o período de escassez no Brasil. A obra teve peças de mármore que vieram importadas até mesmo de outro país. Triste, no entanto, é ver que atualmente o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), que administra o Cedro, não confira ao patrimônio o valor de conservação que ele tanto merece.
“A Barragem do Cedro, com sua parede em arco de alvenaria de pedra, foi a primeira grande obra hidráulica moderna do continente sul-americano. Ela incorporou o avançado progresso científico, tecnológico e do cálculo aplicado à engenharia civil à época. Projetada pelo engenheiro britânico J. J. Rèvy e construída por expoentes da nascente engenharia brasileira de formação politécnica, a barragem afirma-se como um exemplar excepcional do período entre a segunda metade do século XIX e início do XX. É uma das pioneiras obras do seu tipo e do seu porte no mundo”, descreve o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Seus monólitos são um detalhe à parte. A formação rochosa típica da cidade de Quixadá e que rodeia todo o território geográfico, de tão importantes além de atrativos, foram tombados pelo Iphan em 2004. O Monumento Natural dos Monólitos de Quixadá tem o objetivo de assegurar a proteção deste tipo de formação rochosa que de tão importante, por sua raridade e singularidade, integra desde 2010 a Associação Mundial de Montanhas Famosas. São formações que viraram cartão postal como a famosa Pedra da Galinha Choca.
Quixadá também se destaca por ser berço das artes. É a terra de Rachel de Queiroz, a escritora que eternizou na memória dos cearenses as lembranças do período mais difícil até hoje, gerado pela seca no Ceará no ano de 1915. Por suas palavras, o cearense mareja os olhos quando lê “O Quinze”, um tipo de texto fugaz que nos faz viajar e ter a noção do quanto foi sofrido aquele período. Hoje, a Fazenda Não me Deixes, localizada em Quixadá, forma uma espécie de memorial onde a população pode encontrar objetos e elementos que fizeram parte da vida de Rachel nos seus últimos anos vivendo em Quixadá.
A arte quixadaense está, também, através do cinema. Vários filmes foram rodados na terra dos monólitos. A estréia veio com O Cangaceiro Trapalhão, pelo quarteto de comediantes homônimo, liderado por Renato Aragão. A película se passou no ano de 1983 e viria a ser, mais tarde, o ponta pé inicial para que outros filmes tivesse Quixadá como cenário. Os Trapalhões, por exemplo, voltariam a Quixadá anos depois para filmar a clássica cena do filme onde a Galinha Choca põe ovos de ouro que rolam os rochedos quixadaenses.
O misticismo também está imbuído no dia a dia quixadaense. A cidade é a mais famosa do Ceará pelos supostos casos de disco voadores que surgem para vários moradores. Um caso, em especial, é visto como um clássico pelos ufólogos de todo o país: o Caso Barroso. O agricultor aposentado teria avistado um disco voador e mantido contato com seres extra terrestres. Esse contato fora o responsável por uma série de fenômenos que vários médicos da época não conseguiam explicar: Barroso regrediu sua memória, deixou de falar e apenas balbuciava palavras como Papai e Mamãe, tal como bebês, e também deixou de aprender a andar.