Solicitado pelo senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, o estudo do Banco Central revela que apenas em agosto cinco milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram três bilhões de reais com apostas, via Pix. Ou seja, a cada cinco reais pagos pelo governo, um real foi direcionado para apostas, resultando em um lucro de mais de 20 bilhões de reais para as empresas. Esse valor representa 21% do total repassado pelo governo federal às famílias beneficiárias do programa no mesmo período.
Senadores de diversos partidos revelaram preocupação com o impacto dessas apostas no cotidiano das famílias. Para Izalci Lucas, do PL do Distrito Federal, o vício nas chamadas “bets” é um problema crescente que atinge, em especial, as famílias mais vulneráveis.
“Esse fenômeno faz e traz vício, torna-se algo para se ganhar dinheiro sem se ter que trabalhar. As famílias mais necessitadas trazem especialmente a mentira. O resultado disso é devastador. Jovens estão cada vez mais afundados em dívidas, mas o pior é termos aqueles cujos pais lhe dão seus salários, seus benefícios sociais e, acima de tudo, tiram suas perspectivas de futuro”.
O senador Eduardo Girão, do Novo do Ceará, afirmou que a regulamentação da proposta, que ainda será votada, é uma forma de reparar os pontos falhos. Para ele, a falta de fiscalização e o apelo fácil das apostas estão levando muitos a um caminho sem volta.
Ainda não há previsão para a votação da proposta no Senado. Em maio, a Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda publicou uma portaria que regula as apostas de quota fixa. Para operarem, as empresas precisam ter sede e canal de atendimento no país, além de comprovarem capacidade econômica e financeira. Sob a supervisão de Hérica Christian, da Rádio Senado, Paulo Barreira.