Quixeramobinense no Rio Grande do Sul relata momentos de desespero com enchentes

compartilhar no:
Casa ficou submersa na água em Canoas — Foto: Divulgação

“O que eu sei é que minha casa agora, nesse momento, está literalmente debaixo da água”, conta Maria Najara de Almeida, moradora de Canoas, um dos municípios mais impactados pelos temporais no Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil.

Najara, natural de Quixeramobim, vive no Rio Grande do Sul há quase uma década com o marido gaúcho. Na última sexta-feira (3), a água começou a invadir o bairro Mathias Velho, onde residiam com seus quatro filhos.

A situação não foi única. Cerca de 180 mil pessoas foram afetadas em Canoas, conforme a prefeitura local. A casa, móveis, carro e moto de Najara ficaram submersos, e a família deixou o local apenas com algumas bolsas.

“Em torno de meia noite, meia noite e meia, começou a água vir devagarinho”, relembra. “Quando a gente viu a água já chegando nas ruas próximas da nossa, a gente pegou algumas bolsas, pegou o que conseguiu, alguns cobertores, e fomos para uma rua um pouco mais alta, que era a da minha sogra. Fomos para lá, mas em questão de meia hora, 40 minutos, a água foi chegando lá também”.

A família acabou dividindo um quarto com cerca de 20 pessoas em uma casa de dois pisos, mas a água continuava a subir, e a energia elétrica e a água encanada foram cortadas.

Quando a água começou a invadir o segundo piso, a família decidiu partir. “Foi crucial a gente ter saído no momento certo. Porque se a água tivesse subido ao segundo piso, não tinha mais como a gente sair. Adulto sabe nadar, mas como eu ia passar por ali com meus filhos?”, pondera.

Após enfrentarem a água na altura do peito, a família foi resgatada por um grupo de barco e levada para um abrigo de emergência em Canoas.

Atualmente, estão em Sapucaia do Sul, mas planejam ir para o litoral em busca de segurança. A família em Quixeramobim organizou uma campanha online para arrecadar fundos e ajudá-los a retornar ao Ceará.

Enquanto Najara e os filhos esperam recomeçar a vida no Ceará, o marido pretende permanecer no Rio Grande do Sul para avaliar os danos à residência e à pequena empresa que possuíam, afetada pelas enchentes.

“Nosso projeto é começar nossa vida no Ceará do zero. A gente quer ir pra ficar”, conclui Najara.