O consumidor cearense ainda terá condições de comprar arroz nos próximos dias, mesmo após enchentes deixarem parte das plantações do Rio Grande do Sul debaixo d’água. O estado é o maior produtor do grão no Brasil.
Odálio Girão, analista de mercado da Ceasa, explica que o Ceará não tem grande estoque de arroz, mas possui o suficiente para abastecer o estado nas próximas semanas. Especialista ainda ressalta que será possível encontrar o produto por bons preços.
“O Ceará não tem esse estoque de arroz, mas temos ainda o produto em armazéns e será possível achar preços bons no mercado. O consumidor poderá comprar arroz nos próximos dias”, afirmou.
O especialista explicou que já se percebe um crescimento no preço por conta das perdas das safras.
“Estamos presenciando o impacto das enchentes na região. O presente momento, o impacto já acontece para o arroz. Já teve um acréscimo no preço de 4,35%. Ele saiu de R$ 5,75 para R$ 6 o quilo no estado. Isso em consequência da perda de safra produtores dos municípios atingidos.”
Outros grãos também terão um acréscimo nos preços, porém não tão significativo como ocorre no arroz. A soja, por exemplo, vem de Goiás e o milho como também o feijão-mulatinho do Paraná.
“Sobre outros grãos, temos o milho e feijão carioquinha que vem uma parte de lá. O Paraná também produz bem os dois produtos. Cito também a soja que vem de Goiás que não vai afetar o nosso estado. Ainda sobre o milho, poderá afetar o consumo das aves e animais de pasto como suínos e bovinos. Haverá também um pequeno acréscimo no preço do milho”.
Por conta das enchentes no Rio Grande do Sul, algumas redes de supermercado de Fortaleza restringiram, nesta quarta-feira (8), a compra de apenas cinco pacotes de arroz por pessoa física.
O presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro, afirmou que desconhece a limitação de venda do produto no Atacadão Lag e acredita que o abastecimento está normal no estado, conduto, o arroz já vinha com uma tendência de alta no preço.
País negocia compra de arroz da Tailândia
A indústria brasileira se mobiliza para importar arroz da Tailândia – o segundo maior exportador de arroz do mundo, depois da Índia.
“Estamos negociando para trazer 75 mil toneladas de arroz, de 2 a 3 navios. É uma forma de a gente aumentar a oferta e garantir o abastecimento”, conta Andressa Silva, diretora-executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz).
A preocupação com a oferta do cereal existe por causa destes 6 fatores:
o Brasil consome internamente quase todo arroz que produz e 70% dele vem do RS.
a estimativa era de que, na safra atual, o país somasse 10,6 milhões de toneladas do cereal; com as enchentes no Sul, o montante pode cair para menos de 10 milhões.
antes da chuva histórica, o mercado já previa problemas na oferta de arroz neste ano porque a temporada começou com os menores estoques do grão em quase duas décadas e o plantio no RS atrasou pelas enchentes de 2023.
a expectativa era de que o RS contribuísse com 7,5 milhões de toneladas nesta safra, mas 800 mil toneladas podem estar agora debaixo d’água.
antes da tragédia, 80% do arroz do estado já tinha sido colhido. Mas alguns silos onde a produção está armazenada também foram atingidos pelas enchentes.
além disso, o estado está com problemas para transportar o arroz que já foi colhido após destruição de estradas.
Com o objetivo de evitar especulações nos preços, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, informou na última terça-feira (7) que o órgão pretende comprar até 1 milhão de toneladas de arroz. A liberação aconteceu nesta quarta e o grão deverá vir do Mercosul.
“Neste momento, é para evitar especulação com o arroz, até porque os produtores já têm para suprir a demanda nacional, porém, tem dificuldade logística. Com a dificuldade logística para abastecer, vem a especulação”, reforçou o ministro.
As perdas no Rio Grande do Sul
Ainda não se tem um levantamento oficial da quantidade de arroz perdida nas enchentes, até porque muitos locais estão inundados. O que se tem são estimativas com base na área plantada das áreas atingidas.
Antes da tragédia, o Rio Grande do Sul já tinha colhido 80% da sua safra, mas estima-se que 100 mil dos 180 mil hectares que faltavam estão debaixo d’água, colocando em risco uma produção de 810 mil toneladas, calcula Evandro Oliveira, consultor do Safras & Mercado.
As perdas estão concentradas em municípios produtores da região Central do estado, como Cachoeira do Sul, São Sepé, Encruzilhada do Sul, Santa Maria, São Pedro do Sul e Santa Cruz do Sul. É justamente nesses locais que o arroz foi plantado mais tarde, destaca Evandro.
As enchentes não atingiram somente as plantações. Alguns silos – estruturas de armazenagem – também foram atingidos pela água, segundo a Abiarroz e o Ministério da Agricultura, que se reuniu com representantes da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
“A previsão era de que o Brasil colhesse 10,6 milhões de toneladas de arroz. Agora, esse montante não deve passar de 10 milhões”, ressalta Andressa Silva, da associação das indústrias.
O consumo anual de arroz no Brasil chega a 10,5 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ou seja, o país consome praticamente tudo o que produz.
Com informações do G1