Região Central: os moradores de Banabuiú estão aflitos desde que as chuvas se intensificaram, por conta de um boato que vem ganhando força: as comportas do açude, recém-modernizado na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, estariam quebradas e, com a cheia do açude, a população começa a ficar preocupada.
Esse temor vem sendo atenuado por conta dos aportes que o Banabuiú vem adquirindo: já são mais de 11 metros de água nova somente com as chuvas recentes, sem contar com o volume que ele já armazenava. Se enchesse até chegar ao ponto de sangrar, as comportas não abririam e o represamento da água seria impedido. É o que dizem no município.
O Arrojado Lisboa está na fase final da sua recuperação e adequação. As obras tiveram início no final de 2021, quando o então presidente Jair Bolsonaro visitou o município de Russas, e autorizou a ordem de serviço, destinando R$ 15,4 milhões ao Dnocs para iniciar os trabalhos.
A história sobre as comportas ganhou ainda mais força no último final de semana, depois que o presidente do comitê da sub-bacia do Banabuiú, Hilmar Sérgio, deu entrevista ao jornal O Povo onde afirmava que as comportas estavam quebradas. “No Governo Bolsonaro começaram a recuperar (as comportas), mas não terminaram. É importante que o Governo Federal retome as obras”, disse.
A resposta do órgão
O Revista Central foi atrás de tirar essa história a limpo e procurou o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), pasta do Governo Federal que autorizou a destinação de recursos para as obras naquele ano. Por meio de nota, o Ministério respondeu ao Revista Central afirmando que as comportas não estão quebradas, desmentindo o boato.
O MDR procurou o Departamento Nacional de Obras Contras às Secas (Dnocs), que respondeu por nota “que as comportas do Açude Arrojado Lisboa, conhecido como Banabuiú, não estão com defeito”, e esclareceu que além das seis comportas do vertedouro, “os equipamentos de acionamento, permitindo a completa operação também foram recuperados”.
Ainda na nota, o MDR afirmou que “a proteção do talude de montante foi concluída, a recuperação estrutural da torre da tomada d’água está em andamento, as novas válvulas dispersoras já foram adquiridas e serão montadas quando da calagem das comportas da torre da tomada d’água. No que se refere às duas comportas da boca de montante da tomada d’água, os projetos estão na fase final de readequação e a contratada já está mobilizada para sua implantação”.
“Por fim, esclarecemos que o aumento do aporte de chuvas não oferece riscos, haja vista que em uma barragem, a estrutura dimensionada para possibilitar a descarga, decorrente do armazenamento do reservatório é, justamente, o vertedouro, que se encontra perfeitamente apto para permitir a descarga”, disse o MDR.
O Revista Central procurou a Cogerh para que pudesse explicar o caso, mas não recebemos retorno até a publicação desse texto. Também tentamos contato com Hilmar Sérgio, mas ele não foi localizado. O espaço segue aberto para contra-argumentação das partes envolvidas, caso seja de interesse delas.
